segunda-feira, junho 23, 2008

Viver...

Não me apetece escrever. Não me apetece falar. Não me apetece pensar. Não me apetece sequer que me apeteça.
Chego a casa e o dia ainda não terminou. Há roupa para pôr a lavar, há roupa para apanhar do estendal, outra para passar a ferro; há o jantar para ser feito, tantas vezes, para ser pensado ainda. A mesa para pôr, as camas para fazer. Há ainda a loiça para lavar, após o jantar. Também a mesa para levantar. Antes de chegar com a cabeça à almofada, adormeço. Isto nos dias em que não me apetece pensar que a vida é muito mais do que este encadeamento lógico de tarefas e deveres.
Há dias assim, em que me apetece apenas ser nada e desse nada partir para lado nenhum.

Do lado das sombras é tão mais fácil ver a luz...

sexta-feira, junho 20, 2008

Entretanto... é com momentos como estes que a vida vai acontecendo. Os amigos oferecem-nos de graça aquilo que procuramos desesperadamente fora de nós: a felicidade!

Da procura do AMOR

Até onde nos conhecemos verdadeiramente? E isso é ou não primordial para seguirmos com a nossa vida bem?
Há dois dias que me sinto angustiada. Não profissionalmente angustiada, esse capítulo, por agora, está resolvido; mas afectivamente angustiada. A partir de experiências recentes, apercebi-me de que há muito tempo que não crio laços definitivos ou permanentes com alguém. Pergunto-me porquê... As pessoas pelas quais me interesso, não se interessam por mim; as que se interessam por mim, eu não me interesso por elas.
Não posso negar que procuro uma relação consistente; aliás, costumo dizer que não corro atrás de homens, mas do amor; procuro alguém com quem possa partilhar o pequeno e o grande, o importante e o acessório, a vida e a noite. Não estou preocupada com etiquetagens ou com timings, quero apenas namorar, desfrutar da vida, ser feliz no plural.

Será que o meu erro está em procurar? O amor devia acontecer, não ser procurado...

terça-feira, junho 17, 2008

O caminho, o CRISTO e eu

Há um caminho secreto que eu percorro todos os dias. O caminho não é só meu, mas é como se fosse, porque percorro-o sozinha. Há duas coisas a registar nesse caminho secreto: a Ponte 25 de Abril, vista por baixo, e o Cristo Rei, visto como se estivesse tão perto, que fosse capaz de me estender a mão. Se ele me estendesse a mão, eu trá-lo-ia comigo a percorrer o caminho secreto, tenho a certeza de que ele iria gostar. Não deve ser agradável a vida de estátua. Passa-se demasiado tempo a olhar para o mesmo lugar. Todavia, uma coisa é certa, sem o Cristo Rei no sítio, o meu caminho secreto perdia uma pérola, mas eu ganhava um amigo. E se há coisa de que eu gosto é de ter amigos, não muitos, mas os certos. Por isso, se o Cristo Rei, num destes dias, pedir para o trazer pela mão, não vou hesitar. Não estranhem se virem um buraco vazio na outra margem ; nessa altura, o Cristo e eu andaremos aos pinotes pelo caminho secreto a fingir infâncias e a atrasar o tempo...

Chamem-me doutor(a)!

Agora sou doutora. Ouviram? Doutora. E não preciso de pedir que me chamem dessa forma, pois fazem-no de forma absolutamente natural:
- Olá, esta é a doutora Sófi.
E eu, que sempre detestei estas mesquinhices dos títulos académicos, sinto-me, de repente, mais gente só porque oiço as pessoas dizer:
- Doutora Sófi, seja bem-vinda.
E eu sinto-me bem-vinda a um mundo novo, a um mundo de doutores, engenheiros e arquitectos. Agora, conhecendo-me como me conheço, a alegria de ouvir pelos corredores "olhem, lá vai a doutora Sófi" vai terminar bem rápido, até que toda a gente perceba que o meu grau académico é apenas um acessório, o que realmente importa é o tamanho do meu sorriso e a vontade que guardo em que todos caibam dentro dele.

sábado, junho 14, 2008

Toca-e-foge

Conheci, há pouco mais de um ano, uma espécie humana que reage, apenas, a estímulos negativos. Eu passo a explicar: esta espécie alimenta-se da recusa, da distância e da ausência. São predadores vorazes que querem o que não podem ter, que desejam o indesejável e que valorizam a mediocridade dos jogos do toca-e-foge. Se, por acaso, se apaixonarem por um ser desta espécie, mais vale que guardem segredo dessa realidade, a sinceridade não é aconselhável; eles assustam-se com coisas sinceras e intensas. Aliás, abraços, beijos e carinhos só são aceites dentro de uma medida definida por eles próprios e jamais se perceberá que raio de medida é essa: podemos ser arrebatados por um calor intenso, como pela mais gélida das abstinências. Dizer-lhes romanticamente "tenho saudades" pode levar a que a resposta seja o silêncio; aliás, o silêncio é a forma mais simples da ausência que eles teimam em manter.
Para arrebatar esta espécie humana, é necessário fazê-los lembrar de que não prestam, que são facilmente substituíveis e que paredes de 1,87m lhes fazem a sombra que o seu autocentrismo nunca pensou ser possível.
É que é preciso estar sempre a lembrar-lhes que o amor existe e que é completamente diferente do egoísmo ridículo que os leva a procurar impedir a felicidade alheia com frases escuras e maldosas como: "espero que não partas a cabeça". Conclusão? Antes partir a cabeça de encontro a paredes de 1,87m do que dedicar tempo a espécies que se recusam a perceber e a valorizar o mais humano dos sentimentos: o amor...

quinta-feira, junho 12, 2008

Lágrimas à JANELA

Esta semana fechei uma série de janelas. E fi-lo convicta de que as portas que agora se enfileiram diante de mim são entradas mais perfeitas e abrangentes para uma série de coisas novas que esperam para ser vividas. Estranhamente, não me doeu fechar essas janelas. Não houve a lágrima da nostalgia ou da melancolia a vaguear pelo meu rosto. Terei eu chorado todas as lágrimas? Esgotei eu o stock que me era destinado? Ou, afinal, essas janelas estavam já cerradas e eu só me limitei a colocar-lhes o trinco final?

Hoje encerro a derradeira janela. Esta é a minha última noite de trabalho no Blues Café. Não sei como me sentirei; sei que a experiência da noite valeu-me uma maturidade que não tinha ainda alcançado. Valeu-me também conhecer uma série de pessoas que passaram a fazer parte da minha família "Blues". Será deles que sentirei mais falta. Espero poder roubar-lhes, sem que eles se apercebam, um pouco de cada um e com isso construir um álbum de memórias a que recorrerei sempre que a saudade apertar.

Não sei se sou uma pessoa saudosista, mas sinto saudades de muitas pessoas, muitas vezes. Sou daquelas que consegue sentir a ausência de alguém mesmo que essa pessoa esteja sentada a meu lado. A verdade é que não sei gostar pouco; se gosto, gosto tudo.


Esperem... sinto os meus olhos a arder... sinto a visão a turvar... a angústia ataca-me de dentro para fora... dizer adeus não é fácil, fechar janelas inclui fechar o que fomos durante algum tempo. Uma coisa é certa: ainda me restavam, afinal, muitas lágrimas!

terça-feira, junho 10, 2008

O BARCO virou

A vida é um mistério. Não há hipótese, por mais que tentemos desvendá-lo, ele prova-nos que estamos longe, sempre longe de consegui-lo.
De um momento para o outro, ganho um novo emprego (e, diga-se, um renovado ordenado), que me abre a porta a uma infinidade de possibilidades. E como se não bastasse, esbarro contra uma parede (1,87m de parede), que, na verdade, esteve durante muito tempo à minha frente, à espera que eu esbarrasse de encontro a ela, sem que eu tivesse capacidade sequer de vê-la. Depois disto, caramba, só me resta sorrir. Aliás, sorrir não basta, eu preciso de dar gargalhadas estridentes para o mundo escutar o meu agradecimento.
A vida é um mistério. A vida apetece. E eu apetece-me celebrar a sorte por o meu barco, depois de enfrentar as mais duras e angustiantes tempestades, ter encontrado as águas calmas que me possibilitarão amadurecer em paz. E já agora... atracada a uma parede de 1,87m!

quinta-feira, junho 05, 2008

Chave MÁGICA

Gostava de ter uma chave, não uma qualquer, mas uma chave mágica. Gostava de ter uma chave mágica que me desse acesso a outros mundos diferentes do meu. Gostava de ter uma chave que abrisse todas as fechaduras de todas as portas, que me possibilitasse aceder a segredos ou a futuros.
Amanhã vou a uma entrevista de trabalho que pode mudar a minha vida. Amanhã vou também à estreia do Sexo e a Cidade, comemorar um dia que mudou a minha vida: o 5 de Maio de 2007. Amanhã, por esta hora, serei uma pessoa diferente? Após aquele 5 de Maio de 2007 tornei-me uma pessoa diferente.
Se eu tivesse uma chave mágica, destrancava corações e palavras. Não deixaria que ninguém ficasse com ambos entalados na garganta. Toda a gente diria o que pensa e o que sente. Ninguém se sentiria fraco só por dizer: "Tenho medo" ou por dizer "Gosto de ti". Desde o dia 5 de Maio de 2007 houve mais vezes que me apeteceu dizer "tenho medo" e "gosto de ti" sem receio de que me julgassem fraca. E se olhar para as minhas mãos verei que não tenho em meu poder a tal chave mágica, pelo menos não a dos meus sonhos, a que abre janelas e portas para outros universos, para outras margens. Mas há uma chave que me foi entregue desde o dia 5 de Maio de 2007, a chave da amizade, pronta a ser utilizada em duas portas que traziam o nome gravado: Susana e Vasco. Abri-as e desde esse dia nunca mais as tranquei. Amanhã comemoraremos um ano sobre o dia em que nos conhecemos.
Amanhã, eu serei a Charlotte, a Susana será a Carrie e o Vasco a Samantha e nenhum de nós se esquecerá de dizer "tenho medo" ou "gosto de ti", se isso for realmente importante.
Entretanto, sinto-me ansiosa por saber o resultado da entrevista que terei amanhã.

Ai se eu tivesse uma chave mágica...