quinta-feira, abril 30, 2009

Pérolas a porcos

Como pode uma gripe que é gerada no Homem e o afecta em exclusivo ser chamada de gripe suína?
Por que razão é notícia a subida de nível de alerta pandémico de 4 para 5, quando esse tipo de informação não traz nada de novo às pessoas, excepto o medo?
Será que o significado de pandemia não devia ser conhecido e disseminado pela população? É que apesar de assustador, pandemia significa apenas que uma determinada doença existe num território geográfico alargado.
A Sida é um exemplo de pandemia. E a fome. E a intolerância. E a ignorância.
A corrida desenfreada às farmácias faz-me rir. É anedótica a intenção de se estar preparado para alguma coisa ainda não acontecida - é como andar na rua de chapéu-de-chuva aberto porque os serviços meteorológicos avisaram sobre a iminência da chuva.
Também da Chuva
Também da chuva
havemos de falar
e onde cai
diremos que uma queda
diferente
nos faz dizer da chuva
que é uma queda muda (...)
Fiama Haisse Pais Brandão

quarta-feira, abril 29, 2009

Time to work

Três pessoas reunem-se à volta de uma mesa. O pretexto? Assuntos de extrema importância.
Um vodka com maracujá para os três.
Discutem-se banalidades informais como a probablidade de um crash económico definitivo se a Polónia colapsar.
A ementa e a decisão pronta: peixinho-espada preto com banana frita, por favor.
Uma garrafa de vinho tinto: Quinta Maria do Carmo (existe? se não existir seria qualquer coisa parecida e igulmente cara).
Avançam-se outras coloquialidades para despistar o stress. O Almeida Santos entra e senta-se com o seu séquito. A sala está repleta de gente engravatada, com os bolsos cheios de urgências laborais. E daqui a nada, com o sangue regado de vinho e vodka.
A conversa deriva de aeroportos, de medo de voar para o facto do Drácula ser húngaro e não romeno. Filhos da puta dos romenos que se abarbataram da figura draculiana.
O meu amigo X e o meu amigo Y, todos importantíssimos e em cargos de fina posição, disseram-me isto e aquilo e mais uns quaisquer blá-blá-blá.
Os copos de vodka despachados. Falta ainda a garrafa de vinho.
O Jardim, se não fosse a querela com o Sócrates, já tinha abandonado o governo: O QUÊ?????
Avancemos, ah e tal que os acorianos são uns lentos e uns incapazes que vivem à custa dos nossos impostos. Lá não há estábulos para as vacas, não é preciso. Há filas de trânsito porque o pessoal pára no meio da via para ir beber café: ahahahahahahahah - foda-se, o riso é estridente e eu não aguento mais tanta demonstração de snobismo, racismo, homofobia e lisboacentrismo, por isso, faço um shut down ao cérebro.
O que se passou depois?
Não faço ideia. E ainda bem.

terça-feira, abril 28, 2009

Luz incerta

ontem acordei triste e mesmo sem qualquer razão aparente, o mundo apresentava-se-me distante. não quis parar para pensar em porquês; tenho a sensação de que os porquês nos esvaziam a alma e até o coração! sem dissecar as minhas razões, a tristeza permanecia e o dia caminhava para o seu fim.
ao alvorecer da noite, o meu telefone vibrou com notícias de amigos longínquos; amigos que se lembraram de me dizer "olá", mesmo sem imaginarem - ou imaginariam? - a minha alarve e corrompida tristeza.
os amigos que ontem refloriram abraçaram-me desde Cabo Verde, desde Sevilha, desde Lisboa e no abraço sentido que lhes devolvi, a tristeza não foi mais tristeza e o sono chegou enfim, embalando-me em abraços que aconteceram repetidas vezes.

segunda-feira, abril 27, 2009

O céu de Lisboa

Acordei estilhaçada e estilhaçante. Como se o céu de Lisboa me pertencesse por inteiro e eu não tivesse tamanho suficiente para o agarrar. Ou como se o Tejo esmagasse as minhas vontades com o seu peso de rio feliz.
A ansiedade cresce e adensa-se com a certeza de que tudo é grande demais, tudo é difícil demais, tudo é impossível demais, tudo é precário demais, tudo é inútil demais, tudo é fugaz demais.
E o sabor daqueles lábios acetinados, que não existem senão em fantasias longínquas e breves, não pousam sobre a minha pele de laranja-lima. E o céu de Lisboa estilhaça-se por inteiro desenhando à esquadria o caos irremediável: tenho vários pedaços de céu na minha mão e nenhum a voar.

sexta-feira, abril 24, 2009

O maior cego é aquele que não quer ver...

Ontem, enquanto estava a assistir à reunião de atribuição de notas do segundo período do meu filho, li uma entrevista fantástica, saída na revista "Actual", suplemento do Expresso, sobre um professor cego do ISPA - vamos tentar ignorar o facto de eu estar numa reunião, em princípio importante, a ler o que não devia e a não prestar atenção ao que me era devido. Todavia, sem me querer defender, aviso que uma reunião daquele tipo é deprimente. Os pais são todos invariavelmente mais velhos do que eu e estão mortinhos para ouvir, ao contrário de mim, o que a senhora professora tem para dizer do seu digníssimo educando. Ora, eu sei de cor e salteado o que me vão dizer, além de que não preciso que uma professora que está com o meu filho 180 minutos por semana me diga como ele se comporta ou quem ele é.
A entrevista surpreendeu-me não pelo tipo de perguntas feitas - aliás, o aviso de que estas seriam mais ou menos esteriotipadas foi feito pelo próprio jornalista - e sim pelas respostas dadas pelo cego. Descomplexado, este sr. falou da sua actividade docente e laboral, é professor e também biólogo.
Aqui a reunião devia ter entrado naquela parte em que a professora avisa os pais de que os seus filhos são uns lorpas que não perdem tempo a contemplar paisagens estáticas e que só se interessam por paisagens dinâmicas - isto faz prova da sua incapacidade para a concentração.
Ouvi esta parte, enquanto tentava disfarçar o meu desinteresse, e ainda fiz mais, procurei encaixar o Rodrigo na definição de lorpa - quando me veio à cabeça esta cena:
- Mãeeeeeeeeeeee, onde está o meu caderno de Português que EU tirei da mochila, arrumei em algum sítio mas não me lembro onde e TU, porque és mãe, tens a infinita capacidade para encontrar o que eu perco, basta, tantas vezes, mudares os papéis da minha secretária de um lado para o outro ou rodares a cabeça 180 graus.
Tenho de reconhecer, o puto é um lorpa. Continue, senhora professora, enquanto eu avanço umas linhas na entrevista.
Não é que eu tinha a ideia romântica, muito à custa de uma das cenas mais emblemáticas do filme Mask, com o Eric Stolz e com a Cher, de que os cegos podem apreender a noção cromática se, por exemplo, como é demonstrado no filme, associarem às cores diferentes sensações? O sr. cego diz que isso são meras fantasias, uma vez que esse tipo de noção adquire-se apenas conceptualmente.
A professora dirigia-se a mim - bolas, chegou a parte em que o discurso vai ser centralizado em Rodrigo, falta de atenção e irrequietude:
- Mãe, o Rodrigo devia figurar no quadro de excelência da escola, ele tem excelentes capacidades intelectuais (vem aí o mas, é agora), mas é demasiado desatento para isso.
Outra vez a constatação de que eu não queria, o meu filho é um lorpa: tem os instrumentos necessários para ser um geak e não o é.
Voltei à entrevista, estava a começar a ficar ansiosa com tantas constatações. Não é que o professor cego dá aulas, desloca-se às praias e identifica onde estão os peixes, é casado, tem três filhos e não consegue dividir o mundo em cegos e não cegos? Senti-me bem depois de ler a entrevista. Senti-me bem por concluir que o discurso de um cego não tem necessariamente de ser o do coitadinho que não faz mais porque a sociedade não deixa ou porque as condições lho não permitem.
Por esta altura, a professora já tinha repetido pela enésima vez - como se os pais para além de cegos fossem surdos - a necessidade de falarem com os filhos para que prestassem mais atenção às aulas - como se os miúdos, além de lorpas e cegos, devessem ser mudos. Decidi, muito à custa da entrevista, que ia sair dali e não ia cobrar ao Rodrigo o facto de não constar do quadro de excelência da escola - tenho a certeza de que isso seria mais importante para o meu ego de mãe do que para o seu percurso de vida. Ele é um lorpa, mas é de uma estirpe que salva velhinhas em aflição, caídas e sós na casa de banho, porque se recusa a calar perante seja quem for quando tem a certeza de que a sua voz marcará a diferença.
Não estará a escola, e como consequência os professores, cega da matéria humana que tem à sua frente?

quinta-feira, abril 23, 2009

Afasias


Na verdade, não custa nada acreditar, até porque esse é um exercício que importa fazer, senão, corremos o risco de nos tornarmos numa sociedade afásica de crenças. No limite, não acreditar no que realmente importa - como no amor - é não acreditarmos na nossa própria existência.



quarta-feira, abril 22, 2009

Gentlemans da actualidade

Hoje estive com mais cinco homens metida num elevador. Dito assim, até podia pensar-se que sou uma sortuda, mas não. É que um deles tinha um barril de cerveja escondido sob a barriga, outro tinha o cós das calças debaixo dos braços, o outro tinha uns óculos a escorregar-lhe pelo nariz e os olhos enterrados no chão; os que sobram desta descrição tinham um ar, como é que hei-de de dizer?, mais ou menos standarizado?!
O problema foi quando o elevador parou, os de ar standarizado, com a pressa de sairem rapidamente, atropelaram-se um ao outro e a todos os que se encontravam no elevador, enquanto o tipo do barril, das calças e dos óculos tentavam manter-se, quase à força, lá dentro para me darem a mim a primazia de sair em primeiro lugar.

sexta-feira, abril 17, 2009

WHO ELSE?



Foi ele um dos escolhidos para uma campanha publicitária da Brisa. Não se admirem, portanto, se virem este rosto achocolatado espalhado pelas portagens do país.

P.S. Que coisa foleira esta de escarrapachar a soberba de tia num blog que pretende ser sério. Arghhhhhhhhhhhhhhhhhh! Estou com nojo de mim própria.

quinta-feira, abril 16, 2009

Swing

Quanto de nós damos a conhecer aos outros? Quanto de nós os outros desejam realmente conhecer?



Lembro-me de um professor de História aborrecido que tive no secundário: o Ângelo Cristo. Embora aborrecido como professor, adorava conversar com ele; dotado de um sentido de humor refinado, entre nós existia um código de entendimento forjado nos desenhos criativos que me mostrava ou no interstício de olhares de entendimento. O Ângelo Cristo fazia-me rir, percebi que dar aulas era o caminho que ele percorria para lhe entrar dinheiro no bolso mas não o caminho pelo qual suspirava todas as noites antes de adormecer.

Muitos anos depois, voltei a encontrá-lo. Tinha os seus quadros expostos numa galeria pequena. Foi uma revelação descobri-lo pintor. Mais ainda, descobri-lo moçambicano. O interessante no ser humano é exactamente isto, a possibilidade de não ser uma coisa só. Um professor aborrecido pode também ser um pintor; um escritor brilhante pode bater na mulher; uma cantora famosa pode chorar com medo do escuro; uma dona de casa pode escrever poesia.


Quanto de nós damos a conhecer aos outros? Quanto de nós os outros desejam realmente conhecer?


O nosso dia-a-dia faz-se de encontros mais ou menos superficiais com outros como nós: têm sonhos, têm ilusões, têm objectivos, têm problemas, têm frustrações, têm medos, têm paranóias, têm sentimentos, têm rasto, têm passado, têm amores, têm desamores, têm futuro, têm fantasias, têm voz, têm vida, têm morte, têm abraços, têm frio, têm televisão, têm livros, têm música, têm céu, têm terra, têm luz, têm sombras, têm calor, têm espelho, olhos, lábios e boca e têm tempo que usam ou não para dar um pouco de si a conhecer aos outros ou para receber o pouco ou muito que os outros desejam dar a conhecer de si.

terça-feira, abril 14, 2009

Los CONHOS

O sono atrasou-se estas últimas noites. Nao sei que raio o tem impedido de me vir aconchegar os sonhos e sussurar "dorme com os anjos". Por causa do seu atraso inexplicável, os meus pensamentos têm resultado em desalinhados e confusos. Lembrei-me, por exemplo, de um episódio que estava perdido na minha memória: a primeira vez que vi uma revista pornográfica.
Devia ter cerca de 12 anos e a sexualidade era para mim qualquer coisa obscura e pecaminosa - engraçado, aos 33 é tudo menos obscura e pecaminosa, mas pecaminosa e obscura também.
Fui com uma colega da escola a sua casa, e ela tinha a sorte de ter um irmão (lá em casa eramos duas meninas e tínhamos um pai severo e pouco permissivo em assuntos relacionados com sexo); entre uma série de tralhas que me mostrou, estava um objecto raro e, segundo ela, bastante comum por baixo do colchão do pai e irmão: uma revista pornográfica, onde apareciam corpos de mulheres integralmente nus em relações sexuais explícitas com animais. Foi a primeira vez que me senti literalmente excitada. Não acredito hoje - e à distância que o passado permite - que o meu excitamento tenha advindo das leis sexuais subvertidas expostas nas páginas daquela revista, o que me excitou foi ver corpos nus e rostos que denunciavam prazer: a boca aberta, os mamilos intumescidos, os olhos lânguidos. Aquela demostração de prazer obrigava-me a sentir prazer, mesmo não sendo capaz de decifrar o significado de algumas imagens.
Esta recordação levou-me a constatar que a maioria das mulheres são pouco visuais na vivência da sua sexualidade, talvez porque, ao contrário dos homens, não tenham tido acesso ao mundo das revistas ou dos filmes pornográficos - pelo menos, não com a facilidade e "normalidade" que esses caminhos se apresentam aos homens. Às mulheres continua vedada a exploração consciente dos seus desejos mais íntimos, assim como mais inconfessáveis. Por outro lado, percebo que esta vedação visual nos permitiu valorizar e vivenciar outro tipo de imagens: as que criamos pela imaginação.
Estou a precisar de dormir, não é? Eu sei!

segunda-feira, abril 13, 2009

Dignidade trôpega

Regressei hoje de uma semana de férias, onde estive embrenhada em filho e família. Já por si, o regresso advinhava-se confuso e atribulado, não é fácil passar de mãe a empresária. Parece simples, quando os dois territórios convivem diariamente.
Estava eu sentada, em frente ao computador, a despachar mails, quando recebo uma chamada da secretária do meu administrador a convocar-me para uma reunião com um director de uma das nossas delegações. Aquela convocatória atingiu-me em cheio: já não estava de férias.
Vesti o casaco e, célere, dirigi-me para o encontro. Principiava a chover, a tal chuva-molha-parvos - a que me molha sempre e da qual nunca tiro ilacções de qualquer natureza a não ser que é chuva e que me molha -, o piso estava escorregadio, incompatível com os meus sapatos de cinderela, com os meus calções-corsário e os meus collants pretos: escorreguei e estatelei-me. Fui tão rápida a cair quanto a levantar-me da queda. Só pensava "eu caí", "eu ca-í"! Depois de olhar rapidamente para a minha figura: ambos os joelhos em sangue e as mãos sujas do alcatrão, achei que seria mais sensato regressar ao edifício do que enfrentar uma reunião séria com o administrador e o director.
Subi o mais rápido e cabisbaixa que pude ao gabinete da secretária do meu departamento que me fez o favor de ligar, a rir comó-caraças, para avisar o sr. administrador de que a Dr.ª Sófi ia atrasar-se um bocadinho para a reunião. Entre gargalhadas, lá me deixou lamber as feridas e ajudou-me a desinfectá-las com algodão embebido em água oxigenada e betadine.
O problema não foi estancar o sangue, mas arranjar uns malditos collants que substituíssem os meus: "Não, esses são demasiado claros, vê-se as feridas. Esses demasiado pequenos, tenho pernas até ao pescoço."
Resignei-me e optei por aqueles que me pareceram ocultar melhor as mazelas e que não me ficassem no meio das pernas.
Aproveitei um momento de maior recato para tirar os collants velhos e substituir pelos novos. Ingénua, pensei que a porta estivesse trancada, mas esse pensamento só durou até ao momento em que um colega entrou pelo gabinete dentro, vendo-me de pernas desnudadas e collants nas mãos. Lembro-me apenas de ter berrado, dos olhos dele se arregalarem e da porta se fechar instantaneamente.
Nunca mais o vi. Se não aparecer em breve, terei de ligar para a polícia a dar parte do seu desaparecimento. Das duas uma: ou as minhas pernas o motivaram para fantasias maiores do que as imagináveis ou provocaram nele o temor, o embaraço e a vergonha. Não sei qual delas prefire. Talvez a segunda, pois estando com ele o ónus do embaraço, eu ficaria livre para rir até morrer da minha figurinha desconjuntada, desnudada e frágil ante um dia de trabalho que eu já previra difícil...

quarta-feira, abril 08, 2009

As You Wish

Hoje acordei a sonhar. E no meu sonho a ventania era imensa. Tudo voava à minha volta, tudo. Isto só pode significar uma coisa: que de todas as portas que fechei, janelas se abriram, de par em par, para que eu não me esqueça de esperar, nem uma única vez, pelo amor. Ele existe, eu sei, mesmo que saiba cada vez menos.

A minha mãe aguarda-me na fila do supermercado. Vamos fazer compras para levar para o parque de campismo, onde passaremos estes dias de páscoa. Como não tenho fé ou religião, a páscoa representa apenas a possibilidade de ficar em família: nada substitui as conversas em voz alta, os atropelos, as piadas negras, a choradeira das crianças, o riso fluído, amarelo, a ânsia pelo silêncio que só chega de noite, quando todos dormem e me tranquiliza ouvi-los respirar...

Desejo a todos, religosos ou não religiosos, crentes ou não crentes, uma páscoa repleta de família ou de amigos ou de silêncio. As you wish...

segunda-feira, abril 06, 2009

She Lost Control

Estou vazia. Desconheço a quantidade de vazio em mim, mas devo estar cheia dele, como um balão prestes a rebentar.
O meu pior defeito, estou sempre a dizê-lo, é a minha inabilidade para dizer "não". Só que nos últimos dias, o "não" tem-se imposto à minha vontade. O problema é que como sofro desta insuficiência reconhecida, os "não" que tenho esgrimido saem-me tortos e, como se não bastasse, rudes. Logo eu que sou a pessoa menos rude que conheço. Mas comecei a sentir uma necessidade enebriante de limpar-me do falso que me rodeia, para que o vazio se vá esvaziando aos poucos. Convenci-me de que o único caminho para me livrar do abismo de nada em que me sinto afundar é ser honesta com o que penso, sinto e sou. Tem sido mais fácil, mas menos sincero, lidar com o que os outros pensam, sentem ou são. A mim tem-me cabido apenas o papel de integrada, aceitando o que quem quer que seja deseja para si e para mim, enquanto espectadora da sua vida.
Disse não tão definitivos como "não quero ser tua amiga", "não quero que me ligues mais", "não quero sair contigo", "não estou interessada em ti", "não vou comer-te nem me vais comer a mim".
Não consigo interessar-me por homens que preferem mandar 100 SMS por dia do que investir 15 minutos reais a tentar conhecer a pessoa de quem se dizem interessados. Fujo de gajos que insistem em perguntar se 15 centímetros de pila são suficientes ou que fazem joguinhos a toda a hora entre a mentira que juram verdade e a verdade que procuram dissimular.
Caramba, lamento, mas eu NÃO quero homens destes à minha volta. NÃO QUERO.
O ritmo e a capacidade decisória que a minha vida exige não me permite ceder a determinados encantos. Admito que haja mulheres para quem os SMS lhes chegue para cumprir sonhos e fantasias. Ou para quem seja excitante falar do tamanho de pilas sem sequer ter esgotado as conversas sobre o tempo ou sobre banalidades que tais.
Eu não sou DE-CI-DI-DA-MEN-TE uma dessas mulheres. Eu sou daquelas que prefere esperar pelo inesperado, nem que esse inesperado tenha o tamanho de uma caneta Molin mas uma infinita capacidade para o riso, para surpreender e ser surpreendido.

P.S.1. De todos os "não" ditos o que ainda me faz olhar para cima do ombro, para um passado que não poderá ser nunca mais, é o "não quero ser tua amiga".

P.S.2. Pode até parecer old fashion e contraditório, uma vez que uso o blog como veículo da mensagem, mas sinto saudades do tempo em que os encontros se faziam de um para um, a viva voz; sem intermediários electrónicos pelo meio.