Ainda não me tinha apercebido de que não há carros velhos a circular em Lisboa. Só reparei nisso a semana anterior, logo após o acidente que sofri na descida da Pimenteira. Apesar da força do embate, o meu carro ficou a circular, só que em vez de um Peugeot passei a ter um Smart.
Confesso que me senti rídicula a passear pelas estradas com o meu carro em fase terminal. Olhava para o lado e via as viaturas dos outros: robustas, lavadas e sem arranhões; quanto mais feridas abertas, a correr o risco de septicémia.
Lembro-me de ver - não pode ter sido assim há tanto tempo! - carros velhíssimos a passear pela cidade, a chiar de dor.
Onde estão eles? O que lhes aconteceu?
Seremos todos ricos? Seremos todos capazes de sustentar a alarvaria dos carros; seguros, IUC's?
Ou a sociedade contemporânea rejeita tudo o que é velho, defeituoso, enfermo?
Viveremos todos uma espécie de vida e não a própria em si mesma?
Não me imagino a ser feliz num lugar onde tudo funcione, seja novo e imaculado.
Ergui o rosto e enfrentei a multidão de viaturas límpidas, imberbes. O meu carro tinha, pelo menos, uma história para contar...
Lembro-me de ver - não pode ter sido assim há tanto tempo! - carros velhíssimos a passear pela cidade, a chiar de dor.
Onde estão eles? O que lhes aconteceu?
Seremos todos ricos? Seremos todos capazes de sustentar a alarvaria dos carros; seguros, IUC's?
Ou a sociedade contemporânea rejeita tudo o que é velho, defeituoso, enfermo?
Viveremos todos uma espécie de vida e não a própria em si mesma?
Não me imagino a ser feliz num lugar onde tudo funcione, seja novo e imaculado.
Ergui o rosto e enfrentei a multidão de viaturas límpidas, imberbes. O meu carro tinha, pelo menos, uma história para contar...