quarta-feira, julho 28, 2010

As noites: em claro.

QUANDO o claro dos dias se prolonga pelas noites, percebo que há alguma coisa a perturbar-me, a perturbar-me de tal modo que impede que o sono aconteça.
Não fui, até agora, capaz de identificar o que não me deixa dormir.
Se fosse supersticiosa, que não sou, diria que algo está para acontecer-me.
Se fosse medrosa, que não sou, dormiria com a luz acesa.
Se fosse mariquinhas, que não sou, já teria contado isto à minha irmã, ao meu namorado, à minha mãe, ao meu filho, aos meus avós, tios e primas.
Ainda assim, se fosse pedinchona, que não sou, pediria que as minhas noites de tranquilidade absoluta regressassem...

sexta-feira, julho 23, 2010

A VÓS, fiéis SEGUIDORES

Muitos não sei de onde vêm. Nem tão pouco o imagino. Tudo porque não me dedico a viajar, como gostava, por terras bloguistas alheias.
Venho aqui, num acto comiserado de puro egoísmo, e escrevo e saio e ponto final, deixando o parágrafo suspenso até à próxima vez.
Mas já contabilizo 16 seguidores, que, para mim, valem como 16 milhões, por que, na verdade, serei sempre uma inadaptada feroz a este lugar que me acolhe com tanto carinho.
Escrevo por compulsão. Agradeço aos que me lêem e seguem com atroz lealdade. 

quarta-feira, julho 21, 2010

Recado

A ironia é fodida (perdoem-me os mais sensíveis, mas quando a palavra passou a figurar no título de uma obra - O Amor É Fodido, de Miguel Esteves Cardoso - devo dizer que ela ganhou estatuto literário) e eu bem digo que é uma das formas mais inteligentes do ser humano exprimir-se, expandir-se, retratar-se.
E quem não a reconhece, lamento, mas fica a meio caminho de ser um entendedor que baste...

segunda-feira, julho 19, 2010

Anticlímax

Quem nunca se sente triste não sabe como apreciar verdadeiramente a alegria...
Não suporto as segundas-feiras. Não suporto filas de trânsito causadas por acidentes que ocorreram na faixa contrária. Não suporto condutores que insistem em percorrer as auto-estradas nas faixas de rodagem centrais. Não suporto a alegria dos vãos. Não suporto a tristeza como regra. Não suporto crianças que choram por tudo mas também por nada. Não suporto o cheiro do tabaco na boca dos outros. Não suporto quando me apontam falhas. Não suporto gente sem palavra. Não suporto palavras sem nexo. E amor sem sexo.
Não suporto a cobardia. Sobretudo a minha. Não suporto as pessoas que acreditam que ter dinheiro é ter o importante. Não suporto os emails em cadeia. Muito menos os que me aconselham a sentir-me feliz só por acordar. Quem disse que a felicidade se cumpre na rotina dos dias?
Não suporto gente que não chora. Ou que não canta. Ou que não dança. Não suporto quem escreve textos em que o assunto é "não suporto isto ou aquilo" ou "gostava disto ou daquilo". Não suporto frases que começam com "eu nunca ...". Não suporto mau hálito. Nem alcóol.
Não suporto aqueles que não respondem a SMS ou não devolvem chamadas telefónicas. Não suporto atender o telefone em quaisquer circunstâncias. Não suporto conversas como:
- Olá, tudo bem.
- Sim, tudo bem. E tu?
- Eu estou muito bem, obrigada.
- Liguei só para saber de ti.
- Está tudo bem.
- Então vá.
- Vá, beijinho.
Não suporto a espera. Nem a ansiedade. Nem o ciúme. Não suporto ficar sem saber o que dizer. Não suporto não ter nada para dizer. Não suporto dizer nada só para preencher vazios.


quinta-feira, julho 15, 2010

Estado da Nação

Digo que os meus dedos se atrasam em tocar demoradamente as teclas, transformando esse toque em escrita, como alquimista burilando freneticamente;
Digo que não escrevo por preguiça, para atrasar o pensamento e não impedir a vida;
Digo que não escrevo por obrigação, porque tudo o que é obrigado cansa, é inútil e dispensável;
Digo que, apesar do silêncio da escrita, não estou morta;
Digo: sou viva. Sou vida. E por ser tudo isto, aborreço-me e sinto-me exausta só de pensar em escrever.

terça-feira, julho 06, 2010

A insegurança vem daqui

- Capacidades? Tu? Quais capacidades?! Tu não tens capacidades.

E esta frase, expelida gelidamente,  anda ainda às voltas no meu estômago, como a comida, quando estragada...