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sexta-feira, junho 03, 2011

Branco voto?!

Nunca, como hoje, estive tão longe de decidir em quem votar.
Nunca, como hoje, tive tanta consciência de que o meu voto pode fazer a diferença.
Nunca, como hoje, senti a dor virulenta de ver Portugal como um país à deriva.
Gostava de ter a resposta pronta na ponta da caneta no domingo, mas desconfio que isso não sucederá. A culpa - se é que me permitem colocar a coisa a este nível - é da clara incompetência dos políticos que se passeiam na praça pública. 
Sinceramente, nunca, como hoje, estive tão certa de que escolher PS ou escolher PSD é escolher entre o mesmo ou mais do mesmo. Entre falsos engenheiros e economistas tardios. Entre mentirosos compulsivos e inábeis mentirosos. Entre experiência maliciosa e  inexperiência insidiosa. Basicamente, escolher Sócrates ou escolher Passos Coelho - perdoem-me os mais sensíveis -  a merda é a mesma. Só o cheiro muda.

segunda-feira, maio 02, 2011

A casa dos sonhos

Há um sonho que tenho recorrentemente.
Nesse sonho, há uma casa - que eu sei que é minha - grande, espaçosa, arejada, mas muito, muito suja; nem se percebe as cores das paredes, de tão suja que está. Durante o tempo do sonho - que não coincide com o tempo real, nem com o tempo da história do sonho, na verdade, nem tempo é - não me sobra tempo para pôr tudo em ordem, pelo que ando sempre atarefada, a correr, para avançar na limpeza e na arrumação. A questão é que, por mais que me esforce, sempre que volto ao sonho e, por inerência, àquela casa, está tudo exactamente na mesma. Curioso é também que, apesar da ansiedade da limpeza e da ordem, sinto-me feliz por ser dona daquela casa, sinto-a como uma conquista minha, própria, qualquer coisa da qual devo sentir orgulho.  
Hoje, porém, aconteceu algo novo no sonho:  enquanto conversava com alguém - que não me lembro quem - contava-lhe que costumo ter um sonho muito frequente; um no qual tenho uma casa grande, espaçosa, arejada, mas muito, muito suja e que não consigo terminar de limpar, à semelhança desta em que me encontro agora. Ou seja, no meu próprio sonho, sonhei com aquela casa. É como se tivesse transportado para o sonho matéria da minha realidade que, por sua vez, a é por via do que sonhei. Já me perdi em exercícios de interpretação do que poderá representar aquela casa no meu inconsciente, mas não cheguei a uma conclusão definitiva. Talvez nem seja possível chegar.
A casa dos sonhos deve manter-se intraduzível e inexplicável, afinal, é só pela razão dessa ineficácia interpretativa que os sonhos são elementos tão vitais na vida de qualquer ser humano. Na minha inclusive.

quinta-feira, abril 28, 2011

Dá-me música

Gosto de regar a minha actividade profissional com boa música. Ultimamente selecciono-a do programa da TSF, A Playlist de..., uma vez que o meu computador não lê CD. O Windows Mediaplayer avariou-se... para mal dos meus pecados.
Já na altura em que fazia revisão de texto, lembro-me que procurava o silêncio - indispensável para a concentração e a focalização no erro e na agramaticalidade do discurso escrito - no grito melodioso da música.
A Playlist de... é um programa em que distintas personalidades seleccionam músicas que depois partilham com a audiência .
O que o programa tem de interessante é o facto de, por um lado, dar a conhecer  os gostos musicais das pessoas convidadas e, por outro, permitir que o ouvinte se distancie ou se aproxime daqueles.
Por exemplo, assim que ouvi a selecção musical do José Luís Peixoto tive a certeza absoluta de que não há qualquer coincidência na nossa emotividade musical. E eu pensava que sim, até porque sempre gostei muito da maior parte das coisas que ele escreve (como se uma coisa estivesse relacionada com a outra) - a excepção vai para algumas crónicas e para o último romance que nem consegui terminar: Livro.
No lado oposto está, por exemplo, o Rodrigo Leão. Estava capaz de ouvir, em repeat, a sua selecção musical, vezes e vezes sem conta.
A dar razão ao Rui Veloso, Rodrigo, pode pedir-me em casamento que será, com toda a certeza, uma união feliz!

Nota: Aos curiosos, experimentem clicar no título e acederão à playlist do Rodrigo Leão. Boa viagem!

segunda-feira, abril 18, 2011

Esquisitices

Gosto da força da palavra ALCACHOFRA.
Gosto do som da palavra ALCACHOFRA.
Se tivesse de eleger a palavra portuguesa mais perfeita de todos os tempos, elegeria ALCACHOFRA.

domingo, abril 10, 2011

Viagem

Almada. Ponte 25 de Abril. Lisboa. A1.

Porto. Ponte do Freixo. Freixo. Batalha. Engano.

Batalha. Boavista. Rotunda. Portus Cale. Metro. Trindade. Loucos. Boavista.

Boavista. Freixo e Freixo. Foz. Praia da Luz. Velas. Rochas. Mar. Boavista.

Boavista. Freixo. A1. Lisboa. Ponte 25 de Abril. Almada. Ponte 25 de Abril. A5. Cascais.

O melhor de todas as viagens: o regresso.

quinta-feira, março 10, 2011

Porque sou deste tempo

Porque não sou politicamente activa.
Porque não acredito na política.
Porque não confio na classe que supostamente me representa na Assembleia.
Porque desconfio dos interesses que sustentam as decisões tomadas.
Porque recuso manifestações de rua.
Porque não me reconheço na chamada "geração rasca", "deolindas" e que tais.
Porque não me sinto motivada a participar numa "revolução" em que os arautos, em plena entrevista televisiva, dizem "as percas financeiras" em vez de "as perdas financeiras".

Reconheço que estamos numa época de transição, em que as mudanças, mais do que desejáveis, são imprescindíveis, mas assusta-me que as pessoas acreditem que a transição ou a mudança se faça pelo caos e pela desordem.
Por enquanto, acredito no sistema democrático e, consequentemente, nas escolhas decididas em tempo de eleições. As últimas legislativas deram a vitória ao PS, as últimas presidenciais, ao Cavaco Silva.
Goste-se ou não se goste, este é o panorama existente, pelo que a mudança, a ocorrer, terá de desenvolver-se neste quadro. Mais do que isto, é agir contra Portugal.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Mundo ao contrário

De cada vez que oiço o noticiário, envergonho-me. Não só com a política mas com a qualidade dos políticos.
Agora sabe-se que os da França se aproveitaram da amabilidade de alguns ditadores - cujas opções começam a ser contestadas nas ruas - a fim de gozarem de privilégios de ricos, em tempo de lazer: aviões particulares, barcos, etc.
Não entendo, se eu pago pelas regalias pelas quais opto em dias de férias, por que razão os políticos vivem impunemente de favores concedidos à custa do sangue, do suor e das lágrimas de milhares de pessoas que morrem devagar ao servirem de sustento de contextos sócio-políticos inibidores de liberdade e de direitos?
Viveremos nós num mundo ao contrário?
Num mundo em que os maus não têm, afinal, o castigo merecido?

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Mayday

Enquanto casalinhos trocam presentes de pelúcia avermelhados e com palavras que, tantas vezes, nem o significado entendem, a chuva cai insistentemente, ao ponto de me encharcar os pés.
Enquanto casalinhos fazem juras de amor eterno, lembro-me que o meu carro precisa de ir à oficina porque não tem um médio.
Enquanto os namorados gastam horas ao telefone, irrito-me a pensar nas horas que não me sobrarão para ir ao supermercado comprar legumes para fazer uma sopa logo à noite.
Entre abraços, beijos e "para sempre" gravados nos olhos dos casalinhos, só me lembro que este fim-de-semana passou a correr e que deixei a cozinha em estado de sítio tal que talvez vá ter de reiventar um local onde, hoje, possa jantar.
Entre amor e mais amor, vendido até às pontas dos cabelos,  bocejo.
Com os pés gelados, sem médio no carro, sem legumes para sopa, com a cozinha transformada em caos, com o enfado tradicional das segundas-feiras, hoje, decididamente, não é um bom dia...

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

domingo, janeiro 23, 2011

Sombras eleitoralistas

Pensei em ir votar. A sério que pensei. Mas a qualidade dos canditatos presidenciais, ou melhor, a falta dela, impediram-me de fazê-lo.
Não votaria em Cavaco Silva. Um presidente que prefere calar do que revelar o que pensa; um presidente que opta pela promulgação de determinados diplomas quando, pelo seu discurso, advinhamos que preferiria o veto; um presidente que ameaça o país com a subida de juros se a eleição não se cumprir à 1.ª volta, é um presidente que não me interessa, não me move, não me representa.
Os outros, bem, os outros foram uma nulidade gritante. A própria campanha foi de extrema pobreza. Não houve qualquer debate de ideias. Limitaram-se a esgrimir um argumentário gasto e vazio.
Quem acredita que Cavaco Silva saiba o significado de "povo" quando diz "povo"? Ou quem acredita que Fernando Nobre saiba o que é "fome" quando fala de "fome"? E Manuel Alegre saberá, na verdade, o que significa ser "isento" ou "independente"?
O meu voto de protesto fez-se no momento em que optei pela abstenção. E, ainda assim, não me deixo de sentir triste com essa opção...

terça-feira, janeiro 11, 2011

Crime, disse ele

A arma do crime não deixa margens para dúvidas.
Se fosse um nova-iorquino teria usado um picador de gelo. Como foi um português, usou um saca-rolhas...

quinta-feira, janeiro 06, 2011

125 Azul

Às vezes sinto-me como se tivesse uma arma de fogo apontada à minha cabeça.
Nessas vezes, só consigo pensar numa palavra: DISPARO.
Depois disto, consigo  visualizar os meus miolos  misturados no sangue vivo e espalhados pelas paredes próximas.
Não vislumbro quaisquer lágrimas. Só alívio. A sensação exacta de quando estamos muito aflitinhos e nos sentamos, finalmente, na sanita.

terça-feira, janeiro 04, 2011

Mário Augusto vs. Papões

Tenho papões a atormentar-me o sono. Com esta idade, os papões não são aquelas figuras disformes e monstruosas. São, isso sim, pensamentos disformes e monstruosos. Para dissipá-los, ligo a TV: pior a emenda do que o soneto.
Às três da madrugada estava a passar, na RTP, o Cinemax: pensei, olha, boa, vamos lá saber mais sobre cinema. O entusiasmo durou pouquíssimo. Porquê? Perguntam e bem!
Assistir ao Cinemax é como assistir a um combate de boxe. O Mário Augusto finge que faz umas perguntas para o crítico responder, mas assim que coloca o ponto de interrogação no final da questão, responde ele mesmo à pergunta. Confuso? Também acho. Ainda por cima soa pessimamente num programa de televisão.
O crítico bem tenta  discursar de forma coerente sobre os filmes, mas o Mário Augusto atropela-o a aplica-lhe K.O. sucessivos.
Será que podem mandar calar o sr. Mário Augusto?
Oh, vá lá! Ou contratem, em alternativa, um crítico vigoroso, musculado, que arremesse o braço direito contra o discurso do Mário e o obrigue a respeitar a vez do outro.
Mário, há mais pessoas a perceber de cinema, está bem? Sei que é difícil aceitá-lo, mas tenta. Boa?
Fogo, venham os papões atormentar-me o sono. Mil papões. Todos os papões.

terça-feira, dezembro 28, 2010

CHALADA e sem chá

Há momentos de dúvida. Ao contrário, outros há em que as certezas são absolutas: tenho alturas em que guardo o cérebro numa gaveta e depois esqueço-me de ir lá buscá-lo.
Ontem, antes de dormir, pus a chaleira ao lume para que, ao acordar, fosse apenas necessário aquecer o chá. Isto era o que devo apelidar de "projecto inicial".
O que acabou por acontecer não foi bem aquilo. Ao acordar, lembrei-me que deixei a chaleira ao lume durante TO-DA a noite.
Pus a vida do meu filho em risco de forma gratuita.

Vou guardar o cérebro na gaveta e mantê-lo por lá, pelo menos passa-me este travo de responsabilidade - por causa da falta dela - que se instalou aqui desde o meu despertar...

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Que tanga de manhã...

não sabia, apenas advinhava
o dia cinzento, frio, chuvoso, feio
a cama quentinha, aninhada nos meus pés gelados
e também enrolada num abraço caloroso nos meus braços vazios
foi assim que fiquei mais tempo que devia
absorta em pensamentos tristes, cinzentos, chuvosos, feios
o tempo a passar e o abraço a tornar-se mais e mais caloroso
o alarme impiedoso que tinha tocado há minutos largos
a cama, eu, a cama, eu, um tango sensual, vermelho-choque
é só mais uns minutos, é só mais uns minutos
quando dei por mim, os minutos eram já mais do que muitos
e o atraso mais do que certo
há dias em que a cama apetece e o mundo lá fora nos cospe na face
em ambas as faces, se, seguindo o Novo Testamento, lhe oferecermos a lavada...

quarta-feira, dezembro 22, 2010

É Natal, é Natal

Pelas mensagens de Natal que tenho recebido no meu email profissional, estou convencida do seguinte:

1. As pessoas resolveram emigrar para uma realidade alternativa, onde não haverá aumento do IVA, da electricidade, do desemprego, nem diminuição de salários, uma vez que praticamente todas as mensagens desejam sucessos profissionais e pessoais;
2. Julgam, igualmente, que os outros só existem nesta época; de repente, recebo emails de gente que não conheço e com quem nunca troquei palavras, sorrisos ou o que quer que seja;
3. Para terminar, creio que acreditam que o Natal implica uma transformação tal que nos torna a todos em seres bonzinhos, solidários e o raio que os parta;

Estas mensagens agoniam-me e só me acentuam o desconforto que sinto por viver esta vida neste país de merda...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Este frio de DEZEMBRO

Tenho os pés gelados. As mãos também.
Estou sentada ao computador a contar o tempo que passa. Mas estou desconfiada que o tempo passa sem eu  ter tempo de contá-lo. Daqui a nada o despertador vai tocar e anunciar um novo dia. O pequeno-almoço. A viagem para a escola. A viagem para o trabalho. Os acidentes da A5. O trabalho. Os telefonemas. As informações. Os pareceres. Os directores. Os requerentes. Os colegas. As piadas de teor sexual que fazem rir. A hora de regressar a casa. As filas de trânsito na A5. O treino de natação. O jantar. O silêncio. O sono. A aproximação de um dia novo.
Tenho a perfeita noção de que o ciclo do tempo se aperta. Antes, o tempo sobrava-me e eu sentia dificuldade em ocupá-lo. Agora, o tempo falta-me e eu sinto dificuldade em desocupá-lo. E isto, dizem-me, é crescer. É ficar mais velho. É saber responder a qualquer questão que nos coloquem. É saber exactamente que já não controlamos o tempo, que é o tempo que nos controla a nós.
O frio regela, neste instante, outras partes do meu corpo. A conversa no facebook susbstitui a conversa que deveria fazer-se pessoalmente. O facebook é a falácia da modernidade: não aproxima, afasta. Não aconchega o tempo, acelera-o.
A não aceitação das virtudes da tecnologia é só mais um sinal de que o meu mundo se faz na corrida contra o tempo; já não a seu favor...

sábado, dezembro 04, 2010

Tensio

Não sei se é do frio. Não sei se é da sede. Ou da fome. Ou da pobreza. Ou da miséria. Ou da inoportunidade. Ou da inércia. Talvez da ataraxia.
Só sei que olho para o mundo de hoje e não sinto tesão por dele fazer parte.
Nem um niquinho.
Nada.
Mesmo NADA.

sábado, novembro 13, 2010

Para SEMPRE

Seremos todos hipócritas compulsivos? Ou serei eu uma tábua rasa no que a emoções colectivas respeita?

Não entendo esta onda de homenagens ao homem que passeava de saco de plástico na mão e presenteva com adeus simpáticos os trauseuntes do Saldanha.
A maior parte das pessoas passava por ele e nem sequer o "via" - absortos que estariam na sua própria vida.
Além disso, a solidão era o seu apanágio - somos normalmente alérgicos a pessoas com comportamentos desviantes.
Ouvi - algumas vezes - dizerem que o homem era maluco (o que pensar de alguém que ocupa os dias a passear pelas ruas a acenar aos outros?!).

Por isso, mais uma vez pergunto, seremos todos hipócritas ou serei eu uma tábua rasa no que a emoções colectivas respeita?

quarta-feira, novembro 10, 2010

É das loiras que eles riem mais

Por que razão sempre que procuro ser eficiente e diligente só consigo ser - no máximo, vá - disparatada?
Ia eu a sair do trabalho, aflita com as horas (ando normalmente com o pé no limite do tempo), quando me aproximo da cancela, onde devo passar o cartão identificativo que activa o levantamento da baia de segurança, e baixo o vidro do carro - julgo que chovia, além de estar uma fila atrás de mim (provavelmente com o pé - como eu - no limite do tempo), neste instante, o cartão escorregou das minhas mãos e caiu no chão:
- Merda! - disse e pensei eu, quase simultaneamente.
O colega, que se encontrava imediatamente atrás, ria. Podia ter-se ficado só pelo riso, mas não...
- Tem o carro travado? - perguntou-me, assim que me viu sair em demanda do cartão.
- Merda! - pensei e não disse - Deves pensar que lá por deixar cair a merda (pensei e disse de mim para mim) do cartão isso significa que não tenho cérebro.
- Sim - retorqui com o meu melhor sorriso - Tenho o carro travado! - acho que aqui voltei a sorri-lhe.
Não demorei a encontrar o cartão, a passá-lo na maquineta e a esfumar-me pela estrada fora. Vermelha, não de vergonha, mas de clara irritação:
- Merda!