Há um sonho que tenho recorrentemente.
Nesse sonho, há uma casa - que eu sei que é minha - grande, espaçosa, arejada, mas muito, muito suja; nem se percebe as cores das paredes, de tão suja que está. Durante o tempo do sonho - que não coincide com o tempo real, nem com o tempo da história do sonho, na verdade, nem tempo é - não me sobra tempo para pôr tudo em ordem, pelo que ando sempre atarefada, a correr, para avançar na limpeza e na arrumação. A questão é que, por mais que me esforce, sempre que volto ao sonho e, por inerência, àquela casa, está tudo exactamente na mesma. Curioso é também que, apesar da ansiedade da limpeza e da ordem, sinto-me feliz por ser dona daquela casa, sinto-a como uma conquista minha, própria, qualquer coisa da qual devo sentir orgulho.
Hoje, porém, aconteceu algo novo no sonho: enquanto conversava com alguém - que não me lembro quem - contava-lhe que costumo ter um sonho muito frequente; um no qual tenho uma casa grande, espaçosa, arejada, mas muito, muito suja e que não consigo terminar de limpar, à semelhança desta em que me encontro agora. Ou seja, no meu próprio sonho, sonhei com aquela casa. É como se tivesse transportado para o sonho matéria da minha realidade que, por sua vez, a é por via do que sonhei. Já me perdi em exercícios de interpretação do que poderá representar aquela casa no meu inconsciente, mas não cheguei a uma conclusão definitiva. Talvez nem seja possível chegar.
A casa dos sonhos deve manter-se intraduzível e inexplicável, afinal, é só pela razão dessa ineficácia interpretativa que os sonhos são elementos tão vitais na vida de qualquer ser humano. Na minha inclusive.
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