Tudo tem um princípio.
Mesmo que não o conheçamos ou saibamos como se processou (onde, quando) estamos certos de que ele se deu.
No início não era o verbo. Era o Universo de si para si. Só muito tempo depois veio o Homem e com ele o Verbo.
Malick prova-o. Melhor, concretiza-o visualmente em The Tree of Life.
Com uma respiração muito própria, o filme transporta cada um dos espectadores para o espaço íntimo, até secreto, do início. Primeiro numa perspectiva macro - o Universo, a Terra, a Humanidade -, para logo dirigir a objectiva para a micro vivência da família, bem como do indivíduo.
Não é um filme simples nem fácil. Não é um filme de consumo imediato ou rápido. Houve pessoas a abandonar a sala de cinema poucos minutos depois das primeiras imagens. Parece-me que a maioria do público tem dificuldade em digerir ou consumir os produtos - sejam eles quais forem - devagar. Como se o tempo não tivesse tempo para ser tempo. Como se tudo o que demore mais do que o tempo esperado seja tempo a mais. Tempo demais. Por demais. Não foi. Não é.
Na vida, há sempre dois caminhos. Cabe a cada um de nós optar por um deles.
Eu escolhi permanecer sentada, de mente e coração abertos, deslumbrada com o universo malickiano que, afinal, não é um universo alheio, estranho ou irrealista.
A história que se conta - porque há uma história que é contada - não é muito diferente da de cada um de nós. Nesse sentido, há, de certa forma, qualquer coisa catártica que irrompe, melhor, um voyeurismo que assenta num passado que é humanamente comum: pai. mãe. irmãos. nascimentos. primeiros passos. curiosidades satisfeitas e insatisfeitas. perguntas por fazer. por responder. mentiras. fé - a que se tem, a que se perde e a que se recupera. E, acima de tudo, a escolha primordial - o caminho da graça ou o caminho da natureza, que significa, sobretudo, escolher os outros ou escolhermo-nos a nós mesmos.
Vale a pena arriscar Brad Pitt e Sean Penn.
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