segunda-feira, maio 24, 2010

Amar os livros

Comecei a ler um novo livro esta semana. Enquanto esperava pelas provas de natação do meu filho, no Estádio do Belenenses.
Ainda não sei porquê, mas o livro de David Trueba, Saber Perder, agarrou-me logo na leitura das primeiras páginas.
Nem me lembro como cheguei àquele livro. Se foi oferta, se foi uma compra minha.
Só sei uma coisa, gosto de me apaixonar assim, incondicionalmente, num ímpeto. E manter-me neste estado de euforia induzida enquanto as páginas do livro não esgotarem as suas histórias, que serão, logo, logo, as minhas histórias também...

sexta-feira, maio 14, 2010

O plano? Não fazer nada.

DEPOIS DO FILME

Há muito que não saía de uma sala de cinema em rebuliço.
Não um rebuliço de fora para dentro, mas daqueles que crescem dentro, são, diria eu, de dentro. Do lugar onde nós somos nós, sem fuga possível, nem a imaginada.



O FILME

Um rosto de mulher comum. Nem bonita. Nem feia. Nem gorda. Nem magra. Comum, assim mesmo.
Um carro, uma cidade e os detalhes de um quotidiano regular, sem acontecimentos extraordinários.
Um homem como tantos homens. Sem sucesso. Sem família. Sem a vida que um dia sonhou sua. Mas com uma imagem subvertida de si próprio.
Greenberg não é um filme grandioso. E por causa disso é o filme mais grandioso que me foi dado a ver nos últimos tempos. Nada nele é previsível, embora todo o filme discorra sobre previsibilidades. Não há um momento de epifania, de revelação, de clímax. De tal forma que o filme acaba sem o espectador perceber que o fim está iminente.
Um filme como a vida.
Um filme para a vida.
Noah Baumbach - o realizador.
Ben Stiller - o protagonista.
Los Angeles - a cidade.
Greta Gerwig - a protagonista.


terça-feira, maio 11, 2010

O Livro das Ilusões

É por coisas como esta - que contarei em seguida -  que gosto tanto de livros.
Após a leitura de O Livro das Ilusões, de Paul Auster, oferecido por um amigo no Natal passado, estava eu na FNAC, com o Rodrigo - obriguei-o a comprar CD's todos os meses ou não me responsabilizaria pelo desaparecimento dos Gun's N' Roses, já que em casa ou no carro não era possível ouvir mais nada senão aquela banda de rock dos anos 90 - quando dou de caras com um filme chamado The Inner Life of Martin Frost.
Ao início, de tão espantefacta, nem dei importância ao nome do realizador, concentrei-me apenas no nome da película. Estava certa, certíssima que aquele filme tinha sido inventado e criado nas páginas do livro que acabara de ler. A personagem principal descrevera cena a cena, diálogo a diálogo. Vê-lo ali, nas estantes, enfileirado entre outros filmes de autor, fez-me querer comprá-lo imediatamente.
Foi apenas quando peguei no DVD que percebi que o realizador e o autor do livro eram o mesmo: Paul Auster.
Para mim, aquele filme só existia em papel e na mundividência criada em O Livro das Ilusões. Agora estava ali, fora do livro, nas minhas mãos.
Estou ansiosa por vê-lo, ainda que, na verdade, já o tenha visto.


quinta-feira, maio 06, 2010

Inércia

Há alturas que adormeço torpemente sobre os meus sonhos ou desejos. Fico como que anestesiada, aceitando com um sorriso o que a vida me oferece como ementa diária. Mas como eu gosto mais de mim é quando, esfaimada, devoro a ementa da vida que é minha e a outra que não é mas que eu procuro que seja. Quando até as sobras devoro, sem  me preocupar com regras de etiqueta. Nessas alturas, se não houver garfo à vista, sorvo o que houver com as mãos. Também não limpo a boca, deixo aqueles restos fossilizarem na minha boca, para que a memória a eles recorra em tempos de crise.