Tenho os pés gelados. As mãos também.
Estou sentada ao computador a contar o tempo que passa. Mas estou desconfiada que o tempo passa sem eu ter tempo de contá-lo. Daqui a nada o despertador vai tocar e anunciar um novo dia. O pequeno-almoço. A viagem para a escola. A viagem para o trabalho. Os acidentes da A5. O trabalho. Os telefonemas. As informações. Os pareceres. Os directores. Os requerentes. Os colegas. As piadas de teor sexual que fazem rir. A hora de regressar a casa. As filas de trânsito na A5. O treino de natação. O jantar. O silêncio. O sono. A aproximação de um dia novo.
Tenho a perfeita noção de que o ciclo do tempo se aperta. Antes, o tempo sobrava-me e eu sentia dificuldade em ocupá-lo. Agora, o tempo falta-me e eu sinto dificuldade em desocupá-lo. E isto, dizem-me, é crescer. É ficar mais velho. É saber responder a qualquer questão que nos coloquem. É saber exactamente que já não controlamos o tempo, que é o tempo que nos controla a nós.
O frio regela, neste instante, outras partes do meu corpo. A conversa no facebook susbstitui a conversa que deveria fazer-se pessoalmente. O facebook é a falácia da modernidade: não aproxima, afasta. Não aconchega o tempo, acelera-o.
A não aceitação das virtudes da tecnologia é só mais um sinal de que o meu mundo se faz na corrida contra o tempo; já não a seu favor...
Um comentário:
Mais importante que o tempo é o que se fáz com ele... tem de haver tempo para realizarmos os nossos sonhos, os sonhos, assim, são um objectivo com um prazo.. :)
não mates os sonhos porque sim
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