Durante muito tempo - tanto que nem me lembro quanto - considerei que não queria ser mãe novamente. Mas a vida não se compadece com predeterminações arriscadas e definitivas e fez-me grávida, 15 anos depois da primeira vez.
Uma gravidez, ainda assim, não acontece do nada - ou não deveria acontecer. Há um contexto que permite que ela se deseje e, depois, se concretize.
Esta não foi diferente. Primeiro veio o amor e, logo depois, a certeza de querer prolongar, para fora de mim - de nós -, esse amor.
19 semanas. Estou grávida de 19 semanas.
A minha barriga cresce, devagarinho. Comecei a sentir o bebé, ainda que seja qualquer coisa muito incipiente.
Sinto-me cheia de dúvidas e, sobretudo, de dúvidas: se estará tudo bem, se é saudável, se a dor X ou Y é normal, se vai morrer, se...
E não há literatura ou voz médica que acalme e silencie estas dúvidas. São elas que me garantem que, às 19 semanas, eu já sou mãe deste bebé que cresce dentro de mim, comigo, para mim.
A grande - talvez a maior - tarefa da maternidade/paternidade é aprender a viver com dúvidas: estará bem, ficará bem, é feliz, será feliz.. E, nos intervalos dessas dúvidas maiores e existenciais, desfrutar do bem que sabe participar na formação de um ser humano que se deseja ter tanto de nós quanto ser mais do que nós, maior do que nós, diferente de nós - ser nós, sendo ele mesmo.
Estou feliz.
Quero vê-lo.
Abraçá-lo.
Cheirá-lo.
Pegar-lhe ao colo e embalá-lo nos meus braços o tempo que ele deixar. Para mim, será sempre o tempo da (minha) vida toda.
2 comentários:
Está quase... também quero poder abraçá-lo,pegar-lhe ao colo e beijá-lo... o meu sobrinho... mais uma vida e mais um amor incondicional... :-D
Ele espera-te, deseja-te, anseia-te...
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