quinta-feira, fevereiro 11, 2016

eu não sei quem te perdeu

Os corredores frios. Os procedimentos, exatamente como estabelecido, para impedir a ansiedade de entrar. Ainda que ela já tenha entrado antes. E vá permanecer durante. Depois também, mas só um bocadinho.
Um bocadinho é aceitável, não é?

Os cheiros do cheiro dos outros. Aos quais não me habituo. Nem quero.
As portas com pessoas para fora e para dentro. Apetece-me espreitar. Saber de qualquer coisa. Uma coisinha servia.

Escondo-me aqui atrás a fingir que não me importo, só para que os minutos que as horas têm dentro fiquem suportáveis.
Pior do que a espera é a espera nestes corredores. Antes esperar-te como de costume. 

Deixei-te a sorrir.
Gosto da forma como sorris. A abraçar o mundo numa luz só tua. O mundo, acho, não chega para ti. Está-te curto. Encolhido. Engelhado.
Hás-de reinventá-lo. Determinar um tamanho em que caibas com todas as tuas dúvidas.

As camas deste lugar também não te servem. São curtas. Encolhidas. Engelhadas.
Ainda vamos rir juntos dos pés que te ficarão de fora, sem qualquer conforto de colchão ou estrado.

Espero-te, ansiosa.
Espera e ansiedade, que raio de par: feitos um para o outro. Um par dançante. Tango.

Não sei quem te perdeu, porque desde que nasceste só te encontro, mesmo de todas as vezes que te perdi. E hei-de perder. E outra vez encontrar nem que seja um instante. Aquele em que eu possa, consiga talvez, ter-te pequenino nos meus braços.

E o teu nome que não é pronunciado. Perdeste-te?