sexta-feira, novembro 05, 2010

Wrestling domesticado

Julgo que estaria a lanchar - sei que ainda não tinha saído de casa, o temporal não convidava a ir para a rua, além disso, sentia-me adoentada. Chá - de maçã e canela - e torradas - de pão alentejano - e o Ipsílon como companhia.
Roçava os dedos nas páginas e a atenção no que lia: Jonh Lennon, novo filme de Fincher, Companhia Maior e A Bela Adormecida (tentei comprar bilhetes, estavam esgotados). Até que vozes musculadas entraram em minha casa sem ser convidadas.
Ao início, mantive os dedos a roçar as páginas e a atenção no que lia. Só que as vozes tornaram-se cada vez mais musculadas e os dedos saltaram das páginas ao mesmo tempo que a atenção do que lia.
Sem dar por isso, os meus dedos roçavam os cortinados azuis da minha cozinha e a minha atenção centrava-se nas vozes musculadas que gritavam uma contra a outra. Não percebi por que discutiam, sei que o faziam na rua, perto da minha janela.
Por instantes, senti-me num programa de televisão da TVI: eu a espreitar uma discussão da vida real pela janela da minha casa!
Em segundos, desinteressei-me pelos gritos, pela discussão e voltei ao chá, às torradas e ao Ipsílon, apesar das vozes musculadas perturbarem convictamente a minha paz vespertina...

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