Andava por ruas incógnitas, olhava para as árvores e via estas acenarem-lhe com mãozinhas tenras e verdes. Pensava em si e na vida e quanto mais a pensava, mais ela se esvaía em obscuras e impenetráveis realidades. Quis gritar, mas o grito retombou num enorme silêncio, num gigante e perigoso silêncio.
A angústia crescia-lhe com os passos e lembrava-se dos delírios febris da infância - ao mesmo tempo murmurava:
"Sou triste da vida. Tenho esta dor e não sei o que fazer com ela; pior, não quero nada dela."
Quantas vezes não sou este homem perdido dentro de si próprio? Quantas vezes não quero achar uma saída para fora de mim mesma? Quantas vezes não penso que sou triste da vida? E quantas vezes não sigo em frente por desconhecer o caminho para trás e por recear o caminho defronte? É ou não é o amor uma avenida de múltiplos sentidos?