Outro dia disseram-me: tens escrito menos, o que significa que estás feliz.
Ainda que não se deva reduzir a escrita ou a necessidade desta a estados de espíritos, a verdade é que ela nasce de uma certa inquietude - com o presente, passado ou futuro. Inquietude com os outros, com o mundo ou connosco próprios.
A felicidade não produz nada de prático, é inebriante e estática, como uma droga que se injecta, fuma ou inala.
Quem nunca sentiu a dor profunda, a inquietude irrequieta, permanente, inexorável nunca viveu a plenos pulmões; logo, desconhece este pendor para as palavras. Esta mania de desenhar o mundo em sílabas.
É verdade que me sinto mais feliz do que outrora. Há uma tranquilidade intransigente instalada aqui.
Mas também é verdade que não consigo hipotecar esta mania de interrogar tudo, todos, sempre.
2 comentários:
É curioso. Eu identifico-me totalmente nas tuas palavras.
Isso faz de ti quem és...
Beijooo
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