Vais casar.
Casar. Casarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasarcasar.
"Ai vida", diz a Branco e eu acompanho-a - ai, vida...
Era ainda ontem e estavas ao meu colo, a sobrar-me dos braços. Deves ter sido o primeiro. Estreaste-o. E eu gostava tanto que me lembro de esconder-me de todos só para pegar-te. Tudo servia como desculpa.
"Tia, ele estava a chorar." Mesmo que não estivesses.
Treinavas-me, sei-o agora, para ter estes braços de mãe, capazes de aninhar todas as dores do mundo.
Era ainda ontem quando me emocionava com a tua redação escolar a confessar a vida inteira dedicada ao futebol, a confessar a mágoa de não poder jogar, pois a doença então descoberta roubava-te esse sonho, antes mesmo de saberes sonhar.
Era ainda ontem, foi ontem, sei-o, que abandonaste todos os jogos em que perdias. Vencer era o teu ADN, a derrota era assunto dos fracos e, esses, não te interessavam.
Eu ria-me. A Tânia ria-se. a Rita ria-se. Tu irritavas-te.
Era ainda ontem que me consolavas pela perda. A perda de um amor já ido. A perda irremediável dos que partem e não voltam.
"Prima" é assim que começam todas as tuas frases...
"Prima", eu oiço-te. Eu oiço-te. Até no dia em que corri que nem louca a salvar o Rodrigo dos olhares dos vizinhos, do gelado ensanguentado, da moto deitada no chão e do teu olhar perdido que dizia desculpa, mil vezes desculpa.
Não te culpei, um segundo que fosse, logo, não havia lugar para a desculpa.
És íntegro, incorruptível nas tuas decisões e nos teus gostos.
És deste tempo, sendo de outro.
És tu, contigo e com o que escolhes ser de ti.
Não tenho dúvida de que sábado será um dia de muitas emoções.
Não me embaraçará as lágrimas porque marcarão a felicidade de te saber feliz.
Sê feliz.
Quero muito ver-te feliz.
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