Fica, porque, senão, vais levar-me nessa mala que fizeste sem a minha ajuda.
Fica, porque ires implica o adeus e eu não estou preparada para olhar-te ao longe, de longe.
Fica, só mais um dia, só mais uma vida, que te custa esperares uma vida?
Que te custa?
Já a mim, custa-me o tamanho da tua ausência que será maior que tu.
Custa-me o vazio desta casa sem o teu corpo dentro.
Custam-me todas as palavras engasgadas nesta garganta que nunca terei coragem de pronunciar.
Vai.
Não olhes para trás, é lugar de passados. De fantasmas também.
De coisas acontecidas e com cheiro a mofo.
Vai.
Não hesites um segundo. Poderá ser tarde e o futuro não espera por ti.
Sem pressa, um passo. Depois outro.
Vai porque, não sei como, o meu colo encolheu. Já não serve.
Não te serve.
Ainda assim, mesmo assim, ficarei por aqui com esperança de um regresso.
Como se o meu colo (imagina!) pudesse ser um lugar maior e ter o tamanho exato do teu tamanho.
Imagina...
Que custa?
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