segunda-feira, setembro 06, 2010

Espelho meu

Dei-me conta de que a imagem que projectamos nos outros raramente corresponde à verdade. Ou melhor, raramente corresponde à verdade integral.
Tinha terminado o jantar: rolo de atum com legumes, confeccionado a seis mãos. Ao desbarato na cozinha, como na vida.
Na troca de confissões e medos - após o jantar ou após o sexo sabe bem deslindar emoções e desbravar caminhos inóspitos dentro de nós próprios - dizem-me:
- És uma imagem de força, mas, na verdade, és tão insegura como outros.
Concentramos grande parte da nossa energia a disfarçar o nosso "eu". A disfarçá-lo ou a ornamentá-lo, engradecendo-o, individualizando-o. Até porque reconhecemos que muito pouco nos distingue de outros como nós.
Não há ninguém que não goste de ser amado. Desejado. Reconhecido. Enaltecido.
Não há ninguém que não se sinta assustado. Receoso. Melindrado. Inseguro. Fragilizado.
Ainda por cima, não há ninguém que não seja qualquer coisa e o oposto disso mesmo. Somos seres de contradição. De antagonismo. De desequilíbrio.
Sou forte, de tão insegura que tantas vezes me sinto? Ou sou insegura, de tantas vezes que me vejo forte. Fortíssima. Fortalhaça. Fortalhíssima?

Um comentário:

FigueiRita disse...

És tudo isso e... mais ainda...
Somos seres de '8' e de '80'... Pelo menos... Eu sou capaz do 8 e do 80... qualquer coisa no meio disso... é-me familiarmente desconhecido.