quinta-feira, julho 17, 2008

Vida com aroma a café

Se há coisa que me irrita é receber no mail pessoal mensagens de correntes de sorte ou de azar, consoante a perspectiva, e outras que tais. Porém, de vez em quando, e só de vez em quando, lá aparece um ou outro mail interessante, que nos leva a pensar. Este de que vos vou falar a seguir é um exemplo disso.
O mail falava em três alimentos distintos e na reacção que cada um sofria em contacto com o mesmo elemento: a água fervente. Os três alimentos eram a cenoura, o ovo e o café. Se pensarem nisso, lembram-se de que a cenoura é um alimento rijo que amolece, após a cozedura. Já ao ovo acontece o processo inverso; depois de cozido, aquilo que era frágil e líquido torna-se duro e consistente. E o café? Bem... o café no contacto com a água a ferver, transforma-a em qualquer coisa inteiramente nova. Estas constatações são simples de comprovar, até porque fazem parte do nosso quaotidiano. A analogia que é feita depois é que surpreende.
O mail questiona-nos directamente sobre qual a nossa atitude perante as adversidades. Reagimos como a cenoura, que é rija e inflexível, todavia, amolece numa situação extremada? Ou como o ovo, que é interiormente frágil e fluido, mas torna-se duro quando confrontado com o adverso? Ou, finalmente, somos como o café, que após conviver com a tensão da água a ferver, a transforma, transformando-se a ele mesmo?
Julgo que todos nós gostaríamos de poder responder que somos mais parecidos com o café; só não sei se isso é possível. A fragilidade que nos sustenta, assim como a imperfeição que nos é instintiva, natural, impede-nos de tal subtileza, pelo menos em todos os contextos.
Eu não gosto de café. Não bebo sequer, porém, se há coisa que me dá prazer é fazer café pela manhã, pois o seu aroma espalha-se num instante pela casa, perfumando-a. Vou tentr ser um bocadinho mais como o café: transformar a água, atribuir-lhe sabor e cor diferentes. Tentarei perfumar as adversidades...

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