Acendo um cigarro. Ponho a música a tocar: escrevo-te. Com as palavras que escrevo digo-te o que não poderia dizer-te de viva voz. Isto porque a voz arrasta ruídos que impedem a sinceridade. Os meus dedos não têm medo de ser mal interpretados ou de serem interrompidos pelo frenético ritmo da sucessão dos dias, que nos consomem. Bem sabes que é no longe que a nossa amizade se consolida, tem sido sempre assim e continuará a sê-lo. Porém, quero que saibas que o longe não traz esquecimento, muito menos ausência. Foi uma lição dura de ser aprendida, mas consegui-o, tu ensinaste-me isso. E também sei que houve outras lições que aprendeste comigo. A vida é tão mais fácil se assumirmos que com a ajuda dos outros vamos mais além, não é?
Gosto de ti. Gosto principalmente daquilo que não é simples gostar; mas eu tenho esta tendência para rejeitar o fácil e tu és terreno fértil nas dificuldades, umas meramente inventadas, outras, dados consumados.
O amor é longe, aprisiona-nos ou liberta-nos. E eu preciso dizer-te apenas isto: parabéns.
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