sexta-feira, outubro 17, 2008

APICECTOMIA

A agitação. Os telefonemas cá e lá. A tentativa de perceber se a voz revela medo ou ansiedade. O fingimento de que se parte do pressuposto de que tudo correrá bem. A sombra de que tudo pode correr mal a condensar-se, como nuvens de chuva, por cima das nossas cabeças, talvez do nosso coração. Um telefonema a dizer Dormiste bem? Estás nervosa? Sabes que gosto de ti. A resposta que se faz ouvir: Sim. Não. Eu também gosto muito de vocês. Uma despedida que não se quer, nem se anseia, mas que se impõe. Um adeus não para sempre, mas até daqui a bocado. A vida a não permitir mais do que isto; e ainda que permitisse, saberíamos mais do que isto?
Tive vontade de abraçá-la. A minha voz abraçou-a, julgo, no instante em que lhe disse: Gosto muito de ti. Quero que saibas que vou estar a em pensar em ti e que desejo que tudo corra pelo melhor.
Hoje, às 20.00 horas, a minha mãe entra para o bloco operatório. Eu estarei a alguns quilómetros de distância, porém, será como se estivesse do lado dela, a segurar-lhe a mão e a falar-lhe ao ouvido coisas da nossa história. Coisas que a façam sorrir e esquecer a puta da doença que a consome aos poucos.

3 comentários:

Ego. disse...

...

Carinhosamente um beijo!!!

Anônimo disse...

Espero que tudo corra bem, beijinho e muita força!

:)

M.

Sónia disse...

Correu tudo bem!
Obrigada pelas palavras magras de incentivo. Em alturas como esta, as palavras gordas causam-me azia!

Beijo com carinho, aos dois...