Há mulheres que por serem tão iguais a outras se distinguem delas por pequenos traços. Porque quando riem, os olhos tornam-se maiores do que a alma, porque têm a mania inquietante de colocar a mecha de cabelo por detrás da orelha, porque decidem defender aquilo em que acreditam contra um mundo em desagregação. Para mim, estas são as verdadeiras heroínas. Mulheres simples, de gostos simples, com sonhos por cumprir e ideais que guardam nos bolsos, ao lado da foto do namorado e da moeda da sorte.
No dia 5 de Agosto de 1939, 13 mulheres simples, com menos de 19 anos, foram fuziladas por terem ousado retirar do bolso, não a foto do namorado ou um golpe de estado, mas os ideais em que acreditavam. Estas mortes decorreram em Madrid, logo após o fim da Guerra Civil e o início da Segunda Guerra Mundial, quando Franco liquidou comunistas que não concordavam com o seu fascismo ou porque antes de se deitarem não se ajoelhavam perante um Deus que era para eles inexistente: "Nada alimenta o esquecimento como uma guerra ... Todos nos calamos e as pessoas esforçam-se por nos convencer de que aquilo que vimos, aquilo que fizemos, o que aprendemos de nós próprios e dos outros é uma ilusão, um pesadelo passageiro. As guerras não têm memória e ninguém se atreve a compreendê-las até não haver vozes para contar o que aconteceu, até chegar o momento em que já ninguém as reconhece e regressam, com outra cara e outro nome, para devorar o que deixaram para trás." (Carlos Ruiz Zafón, A Sombra do Vento, pág. 350, 3.ª edição, Dom Quixote)
Las 13 Rosas, do realizador espanhol Emílio Martinez Lázaro, funciona como uma das vozes que nos desassombra o olhar e nos ajuda a não esquecer o que ficou para trás.
Ainda assim, gostava que houvesse um filme que me contasse sobre os homens por detrás das metralhadoras...
2 comentários:
Eu tb gostaria querida!
Ai quero assistir esse filme, vou procurar por aqui!
Bjs saudosos*
Olá!
Obrigado pela dica.
Você tem a sensibilidade tão doce...
Beijos!
Postar um comentário