Sou sonâmbula. Há noites em que deambulo pelos meus sonhos, deambulando por minha casa.
Ontem retirei meticulosamente da jarra que está ao lado da minha cama, entre vários livros, umas flores secas avulsas que tenho há muito. Gostava de perceber por que fiz isso, qual o meu objectivo. Lembro-me apenas de acordar com uma dessas flores na mão e de procurar reconhecer o lugar onde me encontrava. Uma frecha de luz, vinda de outro quarto, resolveu a minha desorientação momentânea. As flores ficaram lá, caídas no chão do quarto...
Há alturas em que fico desorientada e não necessariamente quando estou a dormir. Por mais experiência que tenha coleccionado na relação com o mundo, há alturas em que me sinto uma criança com medo do escuro e dos monstros e de tudo o que não consigo explicar. E há tanta coisa que não posso explicar, nem a mim mesma. E por isso fico com estas perguntas todas por perguntar, e esta vida toda por viver, e este medo todo por enganar. E a quem quero eu enganar, no fim de contas?
O que não posso é ser sonâmbula e viver a dormir o sonho acordado da vida...
4 comentários:
"Sou sonâmbula. Há noites em que deambulo pelos meus sonhos(...)"
Se eu fosse sonâmbulo também queria deambular nos teus sonhos! Depois lia-te com uma clarividência infinitamente superior ...
Beijos mil,
Walter Ego
E nessas deambulações encontraste alguns sapatos, debaixo de algum móvel? Ou algum vestido em cima da cama?
Estou sempre à procura desses sapatos, mas teimam em fugir-me. Já o vestido vermelho guardo-o comigo numa caixinha que diz "memórias impossíveis de apagar".
Há comentários estranhos por aqui: alguém falou na cor do vestido? Há recados, códigos? Quem ofereceu o tal vestido vermelho não tem telefone? E vais ter o vestido guardado? Não se usa? Ai, que desperdício.
Postar um comentário