Cheguei tarde. Havia pessoas espalhadas pelo espaço nocturno, pouco iluminado, da moda (Lilipop?! Lolipop?!). Eram poucas e eu pouco as conhecia.Ou reconhecia?
A música tocava como toca nas discotecas: muito alta. As vozes tentavam sobrepor-se à música. Umas conseguiam, outras nem por isso. De qualquer forma, eu sorria sempre. Um sorriso diz tanto com tão pouco.
Na parede, projecção de frases emblemáticas: a enquadrar um momento de celebração. As t-shirts surtiam mais efeito do que as projecções, só não sei se mais do que a estátua.
Os cumprimentos ora se faziam com um estender de mão ou com um manear de cabeça a indicar um beijo, um único beijo na face. Comigo é que não, sem modas, arrisco sempre dois, não conseguindo evitar a atrapalhação do manear de cabeças: ai, que eu queria só dar um, mas ela espera o segundo!
Não dancei. Conversei pouco. Mas vi o que soube ser o futuro: no meio daquelas poucas pessoas em celebração, vi uma mulher magérrima, vestida de preto, com um copo de bebida na mão - nada de esquisito até aqui, a não ser as suas feições. Foi só quando ela se virou que topei o código de barras que ela tinha inscrito na pele das costas. No futuro, pensei, todos teremos esse código de barras, que permitirá identificar-nos em qualquer lugar ou em qualquer tempo.
Em ansiedade, mas sem poema, fixei aquela mulher que vi como se estivesse numa plataforma de ficção científica.
Armada em boa, ri-me dela, por ignorância. E só não arranjei nenhum 31 porque, apesar de esfomeado, o meu companheiro de viagem riu comigo, atenuando a ignorância por partilha.
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