Eu vi o céu carregado e dentro desse céu, que eu vi carregado, vi igualmente um bando de aves em voo uníssono. Eu vi, ainda que dentro de um carro com vidros fechados, por causa do frio, um bando de aves que perfazia também um corpo de bailado em suspensão no firmamento; eu vi e tive o vislumbre da poesia em voo e em horizonte.
Eu vi o agitamento das asas em sincronia meticulosa e o céu carregado por detrás a fornecer o enquadramento, a cor e a luz. Eu vi ISTO enquanto conduzia o meu carro, como faço todas as manhãs, para deixar o meu filho na escola. Não era uma tela de Munch, nem uma composição de Schumann ou um livro de Borges; eram simplesmente pássaros a deslocarem-se nos céus pela manhã. Eu vi o carregado céu e os pássaros em bando e, por momentos, apesar de fechada dentro de um carro, descendo a rua que desço em cada um dos dias, senti Munch, Schumann e Borges naquela imagem. Eu vi porque, para ver, é só saber olhar.
7 comentários:
Bravo!
Deixa eu te dizer que adoro (e odeio) a rotina!
rsrsr
Beijos!
E até de olhos fechados vc continuaria a ver...
Lindo viu, bjus querida*
É lindo saber olhar a beleza das coisas.. para isso, é, por vezes preciso pedir emprestadas asas a Fernão Capelo Gaivota..
:)
Este fim de semana vai estar bom tempo, é aproveitar para secar a roupa... isso das vizinhas é que me deixou triste.
Eu sei... E se lhes for lá bater à porta e pedir-lhes encarecidamente que se comam de forma a todos no prédio podermos partilhar da experiência?
Para ver é preciso saber olhar!
E quantos o sabem realmente fazer?
Quantos não andam por aqui cegos, indiferentes às telas que este mundo pinta a cada dia?
Linda visão a tua!!
Adoro gente que não se limita a olhar :)
Ummmm... é capaz de ser arriscado. :-/
Mas o que é a vida sem um bocadinho de risco? Pelo sim, pelo não leva uma câmara de vídeo. =)
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