segunda-feira, março 08, 2010

No meu tempo é que era bom

Li, em qualquer lugar, que a multiplicação da oferta, tanto a nível televisivo - com a proliferação consolidada de canais - como em outras fontes de informação - rádio, Internet, etc. - impedem que a noite dos oscares tenha o glamour, o suspense e a ansiedade do antigamente. E eu concordo que assim seja.
Procuro, muitas vezes com alguma determinação, evitar expressões que comecem com "no meu tempo ... é que era bom", até porque sei que no tempo da inocência e da juventude as coisas eram vividas com uma tal intensidade que a memória só pode ter cristalizado esses eventos numa caixa onde não caiba o realmente acontecido. Ainda assim, não consigo fugir sempre da expressão "no meu tempo... é que era bom".
Por isso, cá vai disto: No meu tempo, a noite dos oscares é que era boa, não tínhamos acesso aos jornais nem às críticas da especialidade que antecipavam panoramas de vitória, não tínhamos visto qualquer making off, pelo que desconhecíamos os segredos, as dificuldades, as contigências das filmagens. Sabíamos apenas que Billy Cristal seria o apresentador de serviço - mas isso apenas aumentava a ansiedade e a satisfação com que aguardávamos pelo compacto que a RTP exibia na tarde seguinte. De tantas vezes que víamos a cerimónia, decorávamos as músicas e as coreografias e tudo aquilo era mais do que uma mera entrega de prémios ou consagração de carreiras, era um espaço de socialização importantíssimo, que consolidava gostos, preferências, amizades.
Vi sempre as cerimónias com as minhas primas e, nessa altura, "cerimónia" era a palavra adequada para descrever aqueles momentos: era raro termos oportunidade de ver os nossos actores favoritos enquanto eles mesmos, a não ser em algumas páginas da revista Bravo.
Assisti ontem à entrega dos prémios em directo, sem legendas, tardíssimo, sentada no meu sofá. Já não tinha as minhas primas à minha volta, nem as nossas risadas estridentes por termos visto o Bruce Willis de mão dada com a Demi Moore. Vi sozinha a transmissão, como nos anos anteriores desde que me tornei mulher. E atrevo-me a dizer que cumpro este ritual com esperança de reviver aquelas tardes do antigamente.

P.S. Não vi o Bruce na edição deste ano, mas a estar lá, seria de mão dada com uma modelo espanhola, de 20 anos; enquanto a Demi estaria acompanhada pelo seu Ashton Kutcher. Enfim... modernices!

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