quinta-feira, outubro 29, 2009

Pride, mas sem qualquer espécie de Glory


Ontem fui ao cinema: fiquei sentada entre um Sol e um Conimbricense. O Sol sentia-se agastado com o dia; o Conimbricense não tinha tido tempo de tomar o seu 2.º banho diário. Eu estava em rota de colisão com o mundo. A escolha do filme, pelo que se descreve, não poderia ser baseada em critérios comuns: boa história, bons actores, filme inteligente, etc.; queríamos apenas garantir que não íamos adormecer durante a sessão - dois de nós conseguiram cumprir esse objectivo.

Apesar de termos todos vontade de ver The Soloist, optámos por Pride and Glory. O filme tem realização de Gavin O'Connor e é protagonizado por Edward Norton (suspiro suspirado), John Voight (suspiro aborrecido) e Colin Farrell (suspiro enjoado).

De forma muito rápida, explico o que há a explicar sobre o filme: transmite a moralidade sobre a importância da família e até onde estamos dispostos a ir para preservar a sua segurança, à semelhança do que já tinha feito Mystic River, ainda que, em Mystic River, a exploração do carácter das personagens e das suas histórias pessoais não tenha ficado pela rama; e aflora o tema da corrupção policial e as implicações que essa corrupção tem na estrutura familiar - aqui muito à semelhança de We Own The Night, mesmo que sem a força narrativa e a interpretação irrepreensível do Joaquin Phoenix.

Pride and Glory não tem nada para oferecer, a não ser uma amálgama de lugares-comuns aborrecidos, um John Voight (suspiro aborrecido) que não consegue convencer-nos de que a sua personagem encaixa na lógica da narrativa e um Colin Farrell (suspiro enjoado) que já não me surpreende pela fraqueza interpretativa que costuma emprestar aos seus personagens e, sobretudo, duas cenas de extrema violência, em que não foi possível ficar com o rabo quieto na cadeira. Minto: teve também a participação do Edward Norton (suspiro suspirado); o dormitar do Sol e a incapacidade para ficar quieto do Conimbricense - as cadeiras eram demasiado pequenas para Sua Majestade.

Um comentário:

Demóstenes disse...

Recomendo o novo do James Cameron a estrear em meados de Dezembro (17) - Avatar. Pela amostra trata-se de cinema espectáculo no seu melhor; na sua capacidade de criar mundos e provocar ainda alguma reflexão sobre temas como ecologia.