O meu filho saiu pela primeira vez de casa para dormir três dias inteirinhos fora sem família, que é o mesmo que dizer, sem suporte. Só ele com os colegas do clube de natação e o respectivo professor. Para mim, esta primeira vez reveste-se de uma nostalgia triste, difícil de explicar; é que eu sei que, depois desta experiência, nada será como antes. Ele vai finalmente sentir o gosto que a independência nos deixa na boca, ainda que não perceba porquê. Talvez nem nunca venha a perceber. Acho que nem eu percebo. Só sei que muito dificilmente abdicaria dela de tão difícil que foi ganhá-la.
Ser mãe implica ser capaz de dizer-lhe adeus, contendo as lágrimas, o medo, a apreensão e deixá-lo partir para a aventura, permitindo que ele cresça ao ritmo que ele próprio impõe e que a vida permite. Ser mãe implica ser capaz de abnegar gostos, vontades, desejos por uma razão maior: o amor dele, com ele, por ele.
A minha mãe garante que adora comer as asas do frango. Desconfio que ela decidiu abdicar de outras partes por saber que eu sou louca pelo peito e a minha irmã pelas pernas.
Gestos destes, simples, quase imperceptíveis, sustentam as maiores lições de vida.
3 comentários:
Eu desde que o meu rebento come uvas, deixei de gostar das pequeninas:)
Fantástico... E não é que eu acho o mesmo... Mas é isso que nos faz seres Maiores... Mesmo que te apeteça aquele último pedaço... se sabes que está a ser namorado... deixa-lo lá... :-)
E Amar não é tirar-lhes a liberdade... é, pelo contrário, deixá-los voar.
Beijo-te, Mana.
Um poeta-cantor do lado de cá do oceano, um dia já cantarolou:
" Só as mães são felizes!"
Eu entendi agora!!!
Bjos querida!
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