terça-feira, dezembro 09, 2008

Folha BRANCA




Há vento lá fora. E um azul imenso, infinito. A água do rio tem pequenas ondas brancas, da espuma. Parecem cardumes de peixes, essas ondas pequenas. As árvores dançam ao som do vento, que lhes canta uma melodia apressada. Fora desta paisagem, existo eu. Talvez hoje pudesse ser uma daquelas árvores que vejo daqui, por uma nesga de claridade e vidro. Ou talvez pudesse ser uma daquelas ondas pequenas e curtas, de espuma branca; revoltas de encontro à água. Hoje acordei com uma sensação de turvidade esquisita. As pessoas incomodam-me. As vozes das pessoas incomodam-me. Os risos incomodam-me. O som dos risos incomoda-me. Apetecia-me abrir os braços e ficar entregue ao vento, exactamente como aquelas árvores lá fora. O vento desgrenharia as minhas emoções, que precisam de uma arrumação desalinhada.




Há medo aqui dentro. Há tristeza. Há solidão. Há desconforto: e dentro desta paisagem, existo eu. Mais do que árvore, onda ou espuma, sou uma folha branca, rasgada aos pedaços e atirada ao vento que sopra.


foto: flickr.com/photos/patchetudo/2523527675




5 comentários:

Fi disse...

Sê árvore, mar, vento, tudo o que quiseres. Só não te esqueças, nunca, de ser.
Ainda que às vezes tenhas que fazer uma paragem na margem, nunca percas o rio do acontecer.
A vida é da forma que a vemos...
Ainda que te sintas só, procura com o olhar a janela que te permite sair da sala que a "porta" fechou. Está lá, sempre.

Com coração tão cheio de inspiração, de certeza que, nas tuas palavras, encontrarás arrumação...

Bjs gds

Ego. disse...

E somos isso mesmo...
Luz e escuridão!
Medo e coragem!
A vida é mesmo essa dança, mas logo tudo vai passando, é só não pesar muito as coisas ruins,não faça a dor vibrar tanto...

Bju Sofi!
Olha eu aqui de novo, rs!

Sónia disse...

Fi e Ego, duas mulheres lindas que adoro encontrar aqui...

Um beijo meu e a certeza de que vos quero aqui sempre!

Ana disse...

Passei, li e não resisti...
É na inconstância do acordar que nos lembramos que cada dia se encerra em si mesmo, ainda que dele algumas coisas perdurem.
Abre os braços e deixa que o vento te guie, com a certeza que enquanto souberes sorrir, ventos e vendavais serão brisas que te acariciam!
Um beijo (surpreendida pela visita???) ;)

Sónia disse...

Ana, obrigada pela visita. E sabes que mais? Não posso ficar surpreendida, sabes porquê? Porque me habituei a ver-te como alguém que faz o que lhe apetece. Fico é feliz que o meu texto te tenha apetecido ao ponto de me escreveres. Vem. Fica. Vai. Regressa. Gosto-te.

Beijo