segunda-feira, abril 27, 2009

O céu de Lisboa

Acordei estilhaçada e estilhaçante. Como se o céu de Lisboa me pertencesse por inteiro e eu não tivesse tamanho suficiente para o agarrar. Ou como se o Tejo esmagasse as minhas vontades com o seu peso de rio feliz.
A ansiedade cresce e adensa-se com a certeza de que tudo é grande demais, tudo é difícil demais, tudo é impossível demais, tudo é precário demais, tudo é inútil demais, tudo é fugaz demais.
E o sabor daqueles lábios acetinados, que não existem senão em fantasias longínquas e breves, não pousam sobre a minha pele de laranja-lima. E o céu de Lisboa estilhaça-se por inteiro desenhando à esquadria o caos irremediável: tenho vários pedaços de céu na minha mão e nenhum a voar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como seria bom se conseguisse também apanhar um bocado desse céu mas a tarefa apresenta-se demasiado hercúlea para ser atingida. Não tento .. a ideia de não conseguir assusta-me.. faz-me retrair. Deixo isso para poetas e poetizas ... para ti.


"Anónimo 2: Bem sei que um blog é uma porta de entrada e um convite explícito a todos para nos lerem, só não sei se fique apreensiva ou feliz por entrarem nesta minha porta habitantes do meu espaço laboral que eu nem sequer imagino a identidade. A verdade é que o sentido do teu comentário foi elogioso, logo, por agora, quero sentir-me feliz por teres ousado entrar no meu mundo. Um beijinho!"

A ousadia quase virou ânsia.. uma ânsia estranha que reflectia a minha vontade de "ser comentado". FUI. Fiquei contente....
No entanto não estou nada certo de ter "entrado no teu mundo".Limitei-me a ficar à porta, à espreita enquanto ela está entreaberta. Aproveitei não estar trancada e soltei o pouco de "mirone" e voyer que há em todos nós... em mim certamente!
Agrada-me a tua escrita concertada nesse teu caos desconcertante... vou voltar a espreitar sempre que apanhar a porta assim.

Um dia será demasiado óbvio e saberás que sou ... não me "escondo" por razão nenhuma que não a de te "provocar" um pouco.E sei que não fazes a mais pálida ideia de quem, agora, assina como:

Walter Ego

Um beijo.