Todos os que me conhecem sabem da minha aversão a dias marcados no calendário para celebrar o amor.
Não reconheço legitimidade nesse acto. Os pais, as crianças, as árvores, os imigrantes, as mães, os refugiados, as mulheres preexistem e pós-existirão depois da data assinalada.
Dir-me-ão, ainda assim, que essas datas cumprem a sua função: a de lembrar.
E quem disse que eu esqueço?
Quem?
Não é por ser dia do pai que vou gostar mais do meu pai.
Ou que por ser dia da árvore vou gostar mais de árvores.
Ou por ser dia do refugiado vou querer ajudar mais os refugiados.
As efemérides teriam mais e maior interesse se não viessem acopladas a frenesins de compra e venda.
A venda de flores dispara no dia da mãe. No dia do pai será a venda de aparelhos electrónicos. No dia dos namorados, a venda de bombons e ursinhos de pelúcia.
Só não dispara o mais importante, porque não é vendido em sítio algum: o amor das coisas simples.
Ainda por cima, só as coisas simples podem ser verdadeiramente BELAS.
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