segunda-feira, janeiro 19, 2009

Changeling

Associo o nome de Clint Eastwood a cowboys, olhos semi-cerrados e tiros. E longe de mim ter visto mais do que dois ou três filmes onde ele aparecia como actor. A apatia que sinto em relação ao seu trabalho performativo não está ligado ao facto de ele ser um actor de uma geração distante da minha. Acompanhei o trabalho de outros tão antigos quanto ele, como Jack Nicholson, Sean Connery ou Al Pacino.
O extraordinário para mim é que o mesmo homem consiga, ainda que num papel diferente, retirar-me da apatia e devolver-me à paixão. Considero Clint Eastwood um contador de histórias extraordinário. Mystic River é disso exemplo. Aquele filme trata a dor como nenhum outro. Sem drama. Sem comiseração. Sem excesso: só a dor na sua inteireza real.
Changeling, o seu mais recente filme, é um exercício de inteligência e sabedoria, que só a experiência pode proporcionar. No mesmo filme, e sem nunca perdermos o fio condutor da história que é contada, temos um drama, um thriller, um policial, uma cómedia negra e um filme sobre tribunais. E a razão destes géneros coexistirem em equilíbrio é a razão da história não poder ser contada de outra forma.
Sobre os actores que participam na película, demoro-me apenas em Jason Butler Harner, como Gordon Northcott, que conseguiu a proeza de transformar um serial killer hediondo numa personagem de recorte humano, sem trejeitos de insanidade não fosse o seu gosto em cortar com um machado criancinhas que apanhava na rua.
Changeling vale a pena ver, não porque poderá significar a consagração de Angelina Jolie, mas porque revela que a idade pode ser representativa de uma lucidez esmagadora.

5 comentários:

Anônimo disse...

Um senhor!

Anônimo disse...

Prima, senti a obrigação de responder a este post, pois fala do Cinema.
Relativamente ao filme, já o vi e é bom, mas não um grande filme (com muita pena minha). Mas falando agora do grande Clint, considero que o Gran Torino está muito muito bom e ele faz uma interpretação muito boa também.
Considero ainda que os últimos filmes dele são todos muito bons, desde o Million Dollar Baby ao Flags of Our Fathers, passando pelo brutal Letters From Iwo Jima.
E claro, como disseste, o Mystic River é também muito bom.
Dos mais antigos, consigo eleger o Unforgiven e o The Bridges of Madison County, cada um no seu estilo, são ambos bons filmes.
E pronto, tenho dito.
Beijo grande.

Sónia disse...

Quem é que são os grandes do cinema, quem são? Eu e tu, claroooooooooooooooooooooooo!!!!!


;))

Anônimo disse...

Não somos os grandes, somos Os GRANDES! Estou aqui ansioso que daqui a umas hora saem as nomeações para os oscáres. Se bem que algo me diz que vão ser pouco surpreendentes. Gostaria que eles tivessem a coragem de nomear o Wall-e como melhor filme. Enfim, a ver vamos.
Beijo.

Sónia disse...

Já me tinhas dito isso. Salvo raras excepções, os óscares não me entusiasmam por aí além, é óbvio que gosto do glamour da festa, de ver os actores a assumirem a sua própria pele, mas tenho consciência que os prémios estão submetidos a outros contextos (político, económico, financeiro, social) que não apenas o cinematográfico. Por ti, vou torcer para que nomeiem o Wall.e.

Mais duas notas:
a. Detestarei se nomearem o Heath para a categoria de melhor actor secundário;
b. Não gostaria que nomeassem a Angelina pelo Changeling. Mas gostava que nomeassem o Clint.