terça-feira, janeiro 20, 2009

Os pés em Almada, os olhos em Lisboa

Não estou sentada há muito. Tive primeiro de esvaziar as caixas de cartão que se amontovam no gabinete. Depois, tive igualmente de dar aos papéis e dossiers um aspecto organizado. E agora, no final do dia, após ter despachado determinados assuntos, sentei-me, sozinha e em silêncio, de luzes apagadas, a olhar Lisboa, que me espreita iluminada; piscando-me o olho, a sedutora.

Desconheço quanto tempo ocuparei este gabinete, quanto tempo terei para apreciar a beleza daquilo que se estende para diante de mim.

Uma coisa é certa, hoje, esta vista magnifíca foi inteiramente minha. Hoje, sucumbi ao canto de sereia maldita que esta cidade esconde na voz. Ao contrário de Ulisses, não quis amarras nem postes, muito menos cera a encher-me os ouvidos. Quis apenas sentir-me pequena no confronto com a imensidão de vida que observo daqui.

Não fui aumentada. Não mudei de função. Só de sala. Ainda assim, subi de vida.


2 comentários:

Fi disse...

"Não fui aumentada. Não mudei de função. Só de sala. Ainda assim, subi de vida."

Quem vê a vida assim...já está numa posição elevada (muito elevada), tão elevada, que são poucos os que te poderão fazer companhia aí!

Adorei, sopráste-me memórias saudosas de Lisboa.

Bjs

PEdro disse...

Uau.. que vista. Aposto que dormiste nas núvens nesse dia: pelo trabalho e pelo conforto da vista.