O sono atrasou-se estas últimas noites. Nao sei que raio o tem impedido de me vir aconchegar os sonhos e sussurar "dorme com os anjos". Por causa do seu atraso inexplicável, os meus pensamentos têm resultado em desalinhados e confusos. Lembrei-me, por exemplo, de um episódio que estava perdido na minha memória: a primeira vez que vi uma revista pornográfica.
Devia ter cerca de 12 anos e a sexualidade era para mim qualquer coisa obscura e pecaminosa - engraçado, aos 33 é tudo menos obscura e pecaminosa, mas pecaminosa e obscura também.
Fui com uma colega da escola a sua casa, e ela tinha a sorte de ter um irmão (lá em casa eramos duas meninas e tínhamos um pai severo e pouco permissivo em assuntos relacionados com sexo); entre uma série de tralhas que me mostrou, estava um objecto raro e, segundo ela, bastante comum por baixo do colchão do pai e irmão: uma revista pornográfica, onde apareciam corpos de mulheres integralmente nus em relações sexuais explícitas com animais. Foi a primeira vez que me senti literalmente excitada. Não acredito hoje - e à distância que o passado permite - que o meu excitamento tenha advindo das leis sexuais subvertidas expostas nas páginas daquela revista, o que me excitou foi ver corpos nus e rostos que denunciavam prazer: a boca aberta, os mamilos intumescidos, os olhos lânguidos. Aquela demostração de prazer obrigava-me a sentir prazer, mesmo não sendo capaz de decifrar o significado de algumas imagens.
Esta recordação levou-me a constatar que a maioria das mulheres são pouco visuais na vivência da sua sexualidade, talvez porque, ao contrário dos homens, não tenham tido acesso ao mundo das revistas ou dos filmes pornográficos - pelo menos, não com a facilidade e "normalidade" que esses caminhos se apresentam aos homens. Às mulheres continua vedada a exploração consciente dos seus desejos mais íntimos, assim como mais inconfessáveis. Por outro lado, percebo que esta vedação visual nos permitiu valorizar e vivenciar outro tipo de imagens: as que criamos pela imaginação.
Estou a precisar de dormir, não é? Eu sei!
5 comentários:
Apesar de ser gajo lembro-me de como era complicado ter acesso à pornografia. E como era bem pior com vocês. Agora muito me admira ver a minha revisora favorita excitada com mulheres e animais. Realmente, nunca se sabe com quem se trabalha. Hehehe beijossss.
Surpreendi-te?
E eu que estava convencida que era uma pessoa das mais transparentes que existem. Realmente, convencemo-nos de cada coisa!
Podias era assinar o raio do comentário, que era para eu não ficar a morrer de curiosidade sobre a tua identidade...
Epá desculpa, sou aquela espécie de editor da TV 7 Dias. ;-) Esse mesmo. heheheehe.
Aquela espécie?! Já te fisguei!
:))
Pronto. Fui apanhado! Olha que bom!
Postar um comentário