sexta-feira, janeiro 08, 2010

Lapsus Linguae

A troca de um nome por outro pode não ter qualquer importância, mas apenas para quem desconhece os estudos de um tal Sigmund Freud. Segundo ele, um disparate aparente manifesta não uma desatenção, um descuido, mas um desejo reprimido do inconsciente. É por isso que os actos falhados são uma matéria tão interessante, a que eu gostaria de dedicar algum tempo, se o tivesse.
Sair de casa para despejar o lixo e entrar no carro com o mesmo pode dizer mais de nós naquele instante do que uma reflexão atenta e consciente.
A censura não é apenas uma posição ideológica ou política. Nós somos os nossos censores mais implacáveis e intolerantes até que, em determinados momentos, o inconsciente se liberta e deixa, de forma disfarçada, as pulsões ou impulsos se exprimirem. Os actos falhados são o modo, por vezes grotesco mas nunca doentio, de os conteúdos e representações inconscientes vencerem a barreira da censura.Ou seja, vencer-nos a nós próprios - uma guerra que eu tenderia a chamar de fatricida.




Um comentário:

Coffee Taste disse...

Não sei se já te tinha dito, mas esse livro e inspirado em mim... Quantas vezes, chego ao carro com a chave de casa na mão... Deixo o cartão de ponto em casa, quando venho trabalhar... Meto-me na auto estrada em direcção a uma casa que já não tenho...