Há dias em que acordo com letras nos dedos, em que a boca se desbraga em palavras que não são palavras de dizer, são antes palavras de escrever. E se não tapo a boca com as mãos, as palavras saltam, aos molhos, com vontade própria. Ainda assim, de boca tapada, as palavras de escrever escorrem-me por entre os dedos, pelas fissuras de pele e carne que as mãos contra a boca deixam a descoberto. E se, por acaso, a rotina das coisas por fazer me impedem as palavras de escrever, o meu corpo revoluciona-se, embarga-se e embriaga-se de asco, de nojo, de ódio.
Não me impeçam as palavras de escrever. Não me impeçam de dizer escrevendo, porque a alternativa entre morrer e viver faz-se, em mim, na escrita, pela escrita, sendo escrita. Fora disto, sou apenas um corpo em putrefacção perene que se arrasta pelos dias como assim pelas noites.
Um comentário:
Muito giro!
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