segunda-feira, setembro 15, 2008

Os grandes, os pequenos e a Madonna

Eu sei que prometi falar do concerto da Madonna, mas não me apetece. Hoje não vou falar de nada, sequer. Há dias, como este, em que só quero passar despercebida. Não sinto vontade de provocar conversas de circunstância e muito menos de inventá-las para ocupar silêncios. Tenho os olhos inchados, ainda não parei de abrir a boca e o fim-de-semana esgotou-se depressa demais.
Não houve Like a Virgin, só Like a Prayer. Houve um "obrigada Lisboa" seguido de um "hablan español?" Houve igualmente a certeza de que ser alta é uma característica que me favorece em muitas ocasiões; se fosse baixa, o concerto ter-se-ia reduzido a cabeças de tamanhos diferentes que procuravam vislumbrar uma mulher de 50 anos que, pela forma como se mexe, parece ter 20 e que apetece convidar para uma sessão de sexo a três (sim, como não gosto de mulheres, entre mim e ela teria naturalmente de existir um homem). Houve uma poltrona de rainha, um carro e até uma carruagem de comboio a passar-nos diante dos olhos. Houve um trabalho de iluminação prodigioso e um trabalho gráfico como extensão do que era vivido em palco. Os bailarinos não falharam um único passo, a Madonna também não; ainda que os passos dela fossem os que fazia com os pés/ pernas/ mãos e com a voz - mesmo assim, não houve falhas. Ainda assisti a um pequeno motim. Assim que ela iniciou o espectáculo, houve pessoas (as tais mais baixas do que eu), não contentes com o facto de ouvirem apenas a voz da Diva, a porem-se às cavalitas dos generosos namorados, maridos, pais, irmãos, amigos. Mas isto só até começarem a ouvir vozes (também proferidas por pessoas baixas e, o mais certo, frustradas por não terem namorados, maridos, pais, irmãos ou amigos generosos) que reclamavam contra aqueles seres que, de repente, se agigantaram impedindo ainda mais o vislumbre de um ponto ao longe, segundo acreditavam, a Madonna. Julgo ainda ter ouvido uma série de palavrões e um empurrão violento a um casal encavalitado um no outro. Rapidamente se desfizeram as parcerias constituídas e todos voltaram a ter apenas o seu próprio tamanho. Que não foi suficiente para partilhar do talento sem tamanho da cantora. Não era fã. Não fiquei fã, contudo, se ela quisesse, pensava na tal sessão de sexo partilhada...

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